ATA DA NONAGÉSIMA NONA SESSÃO ORDINÁRIA DA SEGUNDA SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA DÉCIMA SEGUNDA LEGISLATURA, EM 23.11.1998.

 


Aos vinte e três dias do mês de novembro do ano de mil novecentos e noventa e oito reuniu-se, no Plenário Otávio Rocha do Palácio Aloísio Filho, a Câmara Municipal de Porto Alegre. Às quatorze horas foi efetuada a chamada, sendo respondida pelos Vereadores Adeli Sell, Cláudio Sebenelo, Clovis Ilgenfritz, Elói Guimarães, Guilherme Barbosa, Isaac Ainhorn, João Carlos Nedel, João Dib, Juarez Pinheiro, Lauro Hagemann, Luiz Braz, Paulo Brum, Reginaldo Pujol e Sônia Santos. Ainda, durante a Sessão, compareceram os Vereadores Anamaria Negroni, Antônio Losada, Carlos Alberto Garcia, Décio Schauren, Eliseu Sabino, Fernando Záchia, Gerson Almeida, Hélio Corbellini, Henrique Fontana, João Motta, Nereu D'Ávila, Pedro Américo Leal, Pedro Ruas, Renato Guimarães e Tereza Franco. Constatada a existência de "quorum", o Senhor Presidente declarou abertos os trabalhos e determinou a distribuição em avulsos de cópias da Ata da Nonagésima Sétima Sessão Ordinária, que deixou de ser votada face à inexistência de "quorum" deliberativo. À MESA foram encaminhados: pelo Vereador Carlos Alberto Garcia, 02 Pedidos de Providências; pelo Vereador Luiz Braz, 01 Pedido de Providências; pelo Vereador Renato Guimarães, o Projeto de Resolução nº 50/98 (Processo nº 3248/98). Também, foi apregoado Requerimento da Vereadora Anamaria Negroni, solicitando renovação de votação do Projeto de Lei do Legislativo nº 86/98 (Processo nº 1856/98). Do EXPEDIENTE constaram: Ofícios nºs 06/98, do Vereador Sérgio Malinoski, Presidente da Câmara Municipal de Gravataí/RS; 10/98, do Vereador Adeli Sell, Presidente da Comissão Especial constituída com a finalidade de analisar o Processo nº 2636/98; 25/98, do Vereador Sidnei Bitencourt, Presidente da Câmara Municipal de Sapucaia do Sul/RS; 3655/98, do Senhor Gilberto Mussi, Chefe da Casa Civil Adjunto do Estado/RS; Impressos: do Instituto de Apoio aos Municípios, divulgando o Congresso Interestadual dos Municípios; do Instituto Brasileiro de Apoio aos Municípios, divulgando o Congresso Interestadual de Prefeitos e Vereadores. Em PAUTA, Discussão Preliminar, estiveram: em 2ª Sessão, os Projetos de Lei do Legislativo nºs 60/98, este discutido pelos Vereadores João Dib, Guilherme Barbosa e Clovis Ilgenfritz, 153/98, este discutido pelo Vereador João Dib, 154, 158 e 159/98, este discutido pelo Vereador Guilherme Barbosa, o Projeto de Resolução nº 44/98, o Projeto de Lei Complementar do Legislativo nº 17/98, este discutido pelos Vereadores João Dib, Reginaldo Pujol e Clovis Ilgenfritz, o Projeto de Lei do Executivo nº 42/98, este discutido pelos Vereadores João Dib, Adeli Sell, Reginaldo Pujol, Guilherme Barbosa e Clovis Ilgenfritz. Na ocasião, foi apregoado Requerimento do Vereador José Valdir, solicitando Licença para Tratamento de Saúde, no período de vinte e três a vinte e sete de novembro do corrente, tendo o Senhor Presidente declarado empossado na vereança o Suplente Cyro Martini, informando que Sua Excelência integrará a Comissão de Educação, Cultura e Esportes. Também, o Senhor Presidente cumprimentou o Vereador Fernando Záchia, pelo transcurso, dia vinte e um de novembro do corrente, do aniversário de Sua Excelência. Após, constatada a existência de "quorum", foi aprovado Requerimento verbal do Vereador Juarez Pinheiro, solicitando alteração na ordem dos trabalhos. Ainda, foi aprovado Requerimento da Vereadora Clênia Maranhão, solicitando Licença para Tratar de Interesses Particulares, no dia de hoje, tendo o Senhor Presidente declarado empossado na vereança o Suplente Sebastião Melo, informando que Sua Excelência integrará a Comissão de Educação, Cultura e Esportes. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Vereador Carlos Alberto Garcia comentou problemas observados neste momento de transição do Governo Estadual, ressaltando dificuldades no fornecimento de dados e, também, divulgação de informações difusas sobre demissão de funcionários após a posse do novo Governo. A seguir, foi iniciado o período de GRANDE EXPEDIENTE, hoje destinado a homenagear o Dia do Músico, nos termos do Requerimento nº 105/98 (Processo nº 1202/98), de autoria do Vereador Juarez Pinheiro. Compuseram a Mesa: o Vereador Luiz Braz, Presidente da Câmara Municipal de Porto Alegre; o Senhor Gilmar Eitel Vein, representando o Senhor Prefeito Municipal; os Senhores Darcy Alves e Luiza Helena de Lima Rode, respectivamente, Vice-Presidente e Secretária do Sindicato dos Músicos Profissionais do Estado do Rio Grande do Sul; o Vereador Juarez Pinheiro, 1º Secretário da Casa. Em GRANDE EXPEDIENTE, o Vereador Juarez Pinheiro, afirmando que falar de música é falar da manifestação cultural mais antiga da humanidade, historiou acerca da evolução da arte musical através dos tempos, lembrando nomes e composições expressivas da música brasileira. Também, destacou a atuação do Sindicato dos Músicos Profissionais do Estado na difusão e valorização da categoria que representa. O Vereador João Dib, citando texto de Miguel de Cervantes, segundo o qual "onde há música não pode haver ações más", analisou o papel da música como meio sensibilizador e de melhoria da sociedade. Ainda, propugnou por maior reconhecimento do músico gaúcho e, em especial, do porto-alegrense. O Vereador Lauro Hagemann, salientando que "a música está intimamente associada à vida humana", defendeu o desenvolvimento de um trabalho de recuperação da memória musical de Porto Alegre. Também, prestou homenagem especial ao Senhor Radamés Ignatali, músico porto-alegrense reconhecido nacional e internacionalmente. O Vereador Cláudio Sebenelo saudou os músicos porto-alegrenses pelo transcurso do Dia do Músico, declarando possuir a Cidade nomes de grande significado junto à história musical brasileira. A seguir, foram interpretados números musicais pelos Artistas Luiza Helena de Lima Rode, Silfanei e Darcy Alves. Em continuidade, o Senhor Presidente concedeu a palavra à Senhora Luiza Helena de Lima Rode que, em nome do Sindicato dos Músicos Profissionais do Estado, agradeceu a homenagem prestada pela Casa pelo transcurso do Dia do Músico. Às quinze horas e trinta e dois minutos, o Senhor Presidente declarou suspensos os trabalhos, nos termos regimentais, sendo reabertos às quinze horas e trinta e sete minutos, constatada a existência de "quorum". Em GRANDE EXPEDIENTE, o Vereador João Carlos Nedel criticou a política adotada pelo Governo Municipal para o setor de turismo, em especial cortes de verbas orçamentárias da Empresa Porto-Alegrense de Turismo - EPATUR. Ainda, traçou paralelo entre os investimentos em turismo efetuados em Porto Alegre e em outras capitais brasileiras. O Vereador Adeli Sell afirmou estarem ocorrendo irregularidades com relação à implantação e cobrança de pedágio nas estradas do Rio Grande do Sul. Também, defendeu o completo esclarecimento de questões surgidas através da gravação de conversas telefônicas efetuadas pelo Ministro Luiz Carlos Mendonça de Barros, relativas ao processo de privatização do sistema TELEBRÁS. O Vereador Cyro Martini declarou observar-se uma "mercantilização" do serviço de trânsito no Estado, destacando que serviços embasados em interesses comerciais não trarão a necessária segurança a motoristas e pedestres. Ainda, manifestou sua preocupação com o número de acidentes verificados nas estradas gaúchas. Na ocasião, o Senhor Presidente registrou a presença dos Senhores Ubiratan de Souza e José Roberto Garcez, respectivamente, Coordenador do Gabinete de Planejamento e integrante da Coordenação de Comunicação Social da Prefeitura Municipal de Porto Alegre, e do Engenheiro Jorge de Sá. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, a Vereadora Sônia Santos solicitou ao Executivo Municipal providências quanto a problemas de infra-estrutura sanitária vivenciados por famílias transferidas do Loteamento Timbaúva para o Jardim Protásio Alves, denunciando desmatamento que vem ocorrendo nessa área, considerada de preservação ambiental. O Vereador Fernando Záchia registrou a passagem, no dia vinte e dois de novembro do corrente, dos cinqüenta e dois anos de independência do Líbano, prestando sua homenagem ao povo libanês. Ainda, historiou sobre a vinda de seus familiares ao Brasil e saudou os Vereadores João Dib e Luiz Braz e o Senador Pedro Simon, afirmando serem exemplos da luta e do trabalho realizados no País por descendentes de libaneses. Na ocasião, o Senhor Presidente afirmou que o pronunciamento do Vereador Fernando Záchia representava a manifestação de toda a Casa e o Vereador Reginaldo Pujol, através de Questão de Ordem, manifestou-se a respeito do discurso do Vereador Fernando Záchia. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Vereador Cláudio Sebenelo discorreu sobre a falta de água em alguns bairros da Cidade, em especial a Vila Safira e a Lomba do Pinheiro, tecendo críticas ao Departamento Municipal de Água e Esgotos - DMAE. Também, referiu-se aos gastos do Executivo Municipal com as obras de revitalização do Arroio Dilúvio. O Vereador Reginaldo Pujol teceu considerações acerca do programa de televisão "Gente Urgente", veiculado pelo Canal 20 da NET, relativo à prevenção de acidentes nas mais diferentes áreas de atividade laboral, congratulando-se com o Engenheiro Martim Aranha Filho, produtor do programa, pela forma didática como enfoca a questão, e com a Associação Gaúcha de Concessionárias de Rodoviárias, patrocinadora do mesmo. A seguir, foi apregoada a Emenda nº 13, de autoria do Vereador Nereu D’Ávila, ao Projeto de Lei do Executivo nº 35/98 (Processo nº 2888/98). Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Vereador Renato Guimarães contraditou as afirmações da Vereadora Sônia Santos, em seu discurso de Comunicação de Líder, alegando que esta Casa está atenta à situação verificada com a transferência de famílias do Loteamento Timbaúva para o Jardim Protásio Alves, devendo buscar, junto ao Governo Estadual, uma continuidade na solução deste caso. Ainda, criticou o Governo Federal pela política de privatizações vigente no País. O Vereador Isaac Ainhorn comentou fato ocorrido no município de Nova Hartz, onde foi colocada, em praça pública, bandeira com o símbolo da suástica nazista, repudiando, em nome das Bancadas do PDT e PT, a difusão de concepções neonazistas na sociedade atual. Na oportunidade, o Vereador Pedro Américo Leal manifestou seu apoio a este pronunciamento do Vereador Isaac Ainhorn. A seguir, constatada a existência de “quorum”, foi iniciada a ORDEM DO DIA. Na ocasião, foi aprovado Requerimento da Vereadora Maria do Rosário, solicitando Licença para Tratar de Interesses Particulares, no dia de hoje, tendo o Senhor Presidente declarado empossada na vereança a Suplente Maristela Maffei, informando que Sua Excelência integrará a Comissão de Defesa do Consumidor e Direitos Humanos. Após, foi apregoado Requerimento do Vereador Antonio Hohlfeldt, solicitando Licença para Tratamento de Saúde, no dia de hoje, tendo o Senhor Presidente declarado empossado na vereança o Suplente Gilberto Batista, informando que Sua Excelência integrará a Comissão de Educação, Cultura e Esportes. A seguir, foi aprovado Requerimento verbal da Vereadora Sônia Santos, solicitando alteração na ordem de apreciação da matéria constante na Ordem do Dia, por quatorze votos SIM e treze votos NÃO, após ser encaminhado à votação pelos Vereadores Renato Guimarães, Reginaldo Pujol, Luiz Braz e Sebastião Melo, tendo votado Sim os Vereadores Anamaria Negroni, Cláudio Sebenelo, Eliseu Sabino, Fernando Záchia, João Carlos Nedel, João Dib, Nereu D'Ávila, Paulo Brum, Pedro Américo Leal, Reginaldo Pujol, Sônia Santos, Tereza Franco, Gilberto Batista e Sebastião Melo e Não os Vereadores Adeli Sell, Antônio Losada, Carlos Alberto Garcia, Clovis Ilgenfritz, Décio Schauren, Elói Guimarães, Guilherme Barbosa, Henrique Fontana, João Motta, Pedro Ruas, Renato Guimarães, Cyro Martini e Maristela Maffei. Também, na ocasião, o Vereador Renato Guimarães formulou Requerimento verbal solicitando alteração na ordem dos trabalhos, o qual foi considerado prejudicado face à aprovação do Requerimento da Vereadora Sônia Santos, acima referido. Em Votação, foi apregoado o Parecer nº 264/98, encaminhado à votação pelos Vereadores Juarez Pinheiro, João Dib, Reginaldo Pujol, Elói Guimarães, Cláudio Sebenelo e Clovis Ilgenfritz. Na oportunidade, os trabalhos estiveram suspensos das dezessete horas e quarenta minutos às dezessete horas e quarenta e seis minutos, nos termos regimentais. Também, os Vereadores Juarez Pinheiro, Clovis Ilgenfritz, Reginaldo Pujol, Cláudio Sebenelo e Décio Schauren manifestaram-se, através de Questão de Ordem, acerca do processo de votação do Parecer nº 264/98 e dos impedimentos regimentais para presidência dos trabalhos e voto dos Senhores Vereadores. Ainda, foram registradas as presenças dos Vereadores Anita Costa Beber e Osvaldo Severo, da Câmara Municipal de Santa Maria/RS. Após, em verificação de votação solicitada pelo Vereador Paulo Brum, foi rejeitada a prorrogação da presente Sessão, por quatorze votos SIM e quinze votos NÃO, após ter sido aprovada em sua votação simbólica, tendo sido encaminhado à votação pelo Vereador João Dib, votando Sim os Vereadores Adeli Sell, Antônio Losada, Clovis Ilgenfritz, Décio Schauren, Elói Guimarães, Gerson Almeida, Guilherme Barbosa, Henrique Fontana, João Motta, Juarez Pinheiro, Lauro Hagemann, Renato Guimarães, Cyro Martini e Maristela Maffei e Não os Vereadores Anamaria Negroni, Carlos Alberto Garcia, Cláudio Sebenelo, Eliseu Sabino, Fernando Záchia, Hélio Corbellini, Isaac Ainhorn, João Carlos Nedel, João Dib, Paulo Brum, Reginaldo Pujol, Sônia Santos, Tereza Franco, Gilberto Batista e Sebastião Melo. Na ocasião, os Vereadores Luiz Braz, Juarez Pinheiro e Reginaldo Pujol, manifestaram-se, através de Questão de Ordem, acerca da condução dos trabalhos da presente Sessão. Às dezoito horas e vinte e dois minutos, face ao término do prazo regimental, o Senhor Presidente declarou encerrados os trabalhos, convocando os Senhores Vereadores para a Sessão Extraordinária da próxima terça-feira, às quatorze horas e trinta minutos. Os trabalhos foram presididos pelos Vereadores Luiz Braz, Clovis Ilgenfritz, Juarez Pinheiro e Paulo Brum e secretariados pelos Vereadores Juarez Pinheiro e Paulo Brum. Do que eu, Juarez Pinheiro, 1º Secretário, determinei fosse lavrada a presente Ata que, após distribuída em avulsos e aprovada, será assinada por mim e pelo Senhor Presidente.

 

 

 


O SR. PRESIDENTE (Luiz Braz): Passamos à

 

PAUTA - DISCUSSÃO PRELIMINAR

 

2ª SESSÃO

 

PROC. 1389/98 – PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 060/98, de autoria do Ver. Reginaldo Pujol, que dispõe sobre a caligrafia a ser apresentada por médicos e dentistas em suas receitas no Município de Porto Alegre.

 

PROC. 2976/98 – PROJETO DE RESOLUÇÃO Nº 044/98, de autoria do Ver. Cláudio Sebenelo, que concede o título honorífico de Cidadão Emérito de Porto Alegre ao Sr. Waldemar Stimamilio.

 

PROC. 3038/98 – PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 153/98, de autoria do Ver. Hélio Corbellini, que autoriza o Executivo Municipal a implantar o Programa Municipal de Incentivo ao Primeiro Emprego.

 

PROC. 3067/98 – PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 154/98, de autoria da Verª Maria do Rosário, que denomina Rua Encruzilhada do Sul um logradouro público localizado no Bairro Nonoai.

 

PROC. 3099/98 – PROJETO DE LEI COMPLEMENTAR DO LEGISLATIVO Nº 017/98, de autoria do Ver. Clovis Ilgenfritz, que regulamenta o art. 232, inciso IV, da Lei Orgânica do Município de Porto Alegre, instituindo o Programa de Assistência Técnica ao Projeto e Construção de moradia econômica a pessoas de baixa renda, e dá outras providências.

 

PROC. 3129/98 – PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 158/98, de autoria da Verª Maria do Rosário, que denomina Rua São Silvestre um logradouro público localizado no Bairro Nonoai.

 

PROC. 3130/98 – PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 159/98, de autoria do Ver. Paulo Brum, que obriga as empresas de transporte coletivo rodoviário do Município de Porto Alegre a fixarem em seus ônibus aviso de indenização por danos pessoais aos passageiros vítimas de acidente.

 

PROC. 3196/98 – PROJETO DE LEI DO EXECUTIVO Nº 042/98, que autoriza a abertura de crédito suplementar no Departamento Municipal de Limpeza Urbana – DMLU, no valor de R$4.145.000,00, e dá outras providências.

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. João Dib está com a palavra para discutir a Pauta.

 

O SR. JOÃO DIB: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, quando me lembro que nós perdemos dois dias fazendo guerra com as rinhas de galo, vejo que nós temos uma fúria legiferante que me assusta. Hoje, como sempre, mais projetos de lei. O Ilustre Ver. Reginaldo Pujol quer dispor sobre a caligrafia dos médicos. Apesar de a Procuradoria da Casa ter colocado uma série de dados que nos levam a crer que se fossem cumpridos não precisaríamos de uma lei, ainda assim tenho dúvidas sobre a validade da mesma. O inteligente Ver. Reginaldo Pujol contestou todos os dados da Procuradoria para que o projeto tenha tramitação, mas, como já dizia o Governador da Província do Rio Grande, há quase cento e setenta anos, “chega de leis, as que têm são suficientes, basta que elas sejam cumpridas”. O Ver. Reginaldo Pujol vai acrescentar mais uma lei à quantidade de leis que determinam que as prescrições médicas devem ser claras, legíveis, para que não haja confusão, até porque há remédios que têm nomes muito semelhantes e, de repente, um paciente pode ser morto pela troca de remédio.

O Ver. Corbellini autoriza o Executivo Municipal a implantar um programa municipal de incentivo ao primeiro emprego. Até estranho que a Procuradoria da Casa não tenha se manifestado contrariamente, pois o Ver. Corbellini dá desconto no ISSQN a quem abre novas oportunidades de emprego. É uma iniciativa, no meu entendimento, que cabe ao Prefeito - está escrito na Lei Orgânica. Mas, vamos fazer mais uma lei.

O Ver. Clovis Ilgenfritz institui o Programa de Assistência Técnica do Projeto de Construção de Moradia Econômica a pessoas de baixa renda e dá outras providências. Está previsto na Lei Orgânica, mas eu continuo pensando que compete ao Executivo Municipal a iniciativa de tal ação, e não a um projeto da Câmara Municipal, que terminará não sendo cumprido, porque, pela situação em que estamos, deverá ser arquivado ao final do ano legislativo, dia 15 de dezembro. Não teremos tempo de chegar a ele.

E assim temos, também, crédito suplementar, esse Projeto do Executivo, para o qual eu já pedi urgência, de 4 milhões e 145 mil reais para o DMLU, para que pague outros serviços e encargos, onde o Prefeito faz, em sua Exposição de Motivos, uma série de considerações, dizendo da necessidade de manter a Cidade limpa, de fazer a coleta do lixo, de fazer o encaminhamento do mesmo. Não há dúvida nenhuma de que é preciso que se atenda, até porque alguma parte dessa verba já deve estar comprometida e, provavelmente, esperando o pagamento referido.

Portanto, gostaria que nós tivéssemos menos leis para analisar, mas tivéssemos muito mais cumprimento das leis. Por exemplo, sabemos que no serviço público entra-se por concurso ou na forma em que a lei determina. E temos, no caso da Saúde do Município, contratação de monitores, contrariando toda a Legislação brasileira, e ficamos aqui fazendo mais leis. Estou até esperando que a Comissão de Justiça da Casa se manifeste a respeito de consulta que eu fiz sobre a irregularidade no cumprimento da lei, quando diz que servidor entra no serviço público por concurso ou na forma que a lei determinar. Essa forma que a Prefeitura está fazendo não é determinada em lei.

Portanto, temos que ter preocupação com o cumprimento das leis existentes para que este País viva melhor. Saúde e paz. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. José Valdir solicita Licença para Tratamento de Saúde no período de 23 a 27 de novembro de 1998.

 

(Obs.: Foi apregoado o Requerimento de licença do Ver. José Valdir, e dada posse ao Suplente, conforme consta na Ata.)

 

O Ver. Adeli Sell está com a palavra para discutir a Pauta.

 

O SR. ADELI SELL: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, Senhores e Senhoras. Forçam-me as minhas convicções e as minhas experiências a discordar do Ver. João Dib. Oito projetos estão em Pauta. Não creio que seja um exagero. O problema é que, muitas vezes, na discussão de Pauta nem todos os Vereadores estão aqui presentes inclusive há bancadas ausentes.

Portanto, em momentos importantes como este, que é a discussão de Pauta de todos os projetos, deveria haver uma maior atenção de todos para que se pudesse exaustivamente se discutir com o conjunto dos trinta e três Vereadores o conjunto dos projeto de lei, pois, às vezes, nas comissões os projetos são discutidos muito rapidamente e aqui nós poderíamos discutir, Ver. Lauro Hagemann, por exemplo, a legalidade de alguns projetos, ou discutirmos, com toda tranqüilidade, a correção dos projetos.

Portanto, o problema não está no número de projetos apresentados, mas sim se o projeto tem validade ou não, se ele serve para os interesses dos cidadãos de Porto Alegre que, muitas vezes, chegamos a discutir projetos de leis que, na verdade, são pedidos de providências à Prefeitura, que podem ser feitos aqui pela colocação do Secretário, anunciando o pedido, mas também pode ser feito por telefone, por fax, porque na Administração Popular, nas três administrações do Partido dos Trabalhadores, a comunicação e os canais entupidos foram desobstruídos; portanto, há possibilidade de um diálogo direto.

Vamos aos projetos, são oito, mas pretendo discutir um projeto do Executivo, do meu governo, do Departamento Municipal de Limpeza Urbana, que pede autorização para abertura de crédito suplementar. Um jornal da Capital, neste fim-de-semana, colocava que há discussões na Câmara, na Comissão de Economia, questionamentos sobre a suplementação de verbas. Quero dizer à população de Porto Alegre que essas questões são completamente legais, há uma necessidade, há uma arrecadação suficiente para ter esse gasto e há uma demanda na cidade, porque Porto Alegre cresce, Porto Alegre se desenvolve, temos uma cidade limpa e queremos que seja cada vez mais. Eu neste momento discuto na sociedade, já discutimos aqui também, algo que considero fundamental para uma cidade limpa que é o fim das pichações. Como não temos isso ainda no Código de Posturas do Município creio que, mais cedo ou mais tarde, deveremos fazer uma ação do Poder Público para limpeza da cidade para que possamos, efetivamente, fiscalizar aquilo que proponho em meu projeto de lei.

Chamo a atenção dos Srs. Vereadores para aprovar o crédito suplementar ao DMLU, no valor de 40 milhões e 145 mil reais, porque é preciso para o bem de Porto Alegre, para que Porto Alegre seja uma cidade limpa, bonita e tenha sempre a melhor qualidade de vida. Muito obrigado.

 

(Não revisto para o orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. Reginaldo Pujol está com a palavra para discutir a Pauta.

 

O SR. REGINALDO PUJOL: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, há vários Projetos na discussão preliminar no seu segundo dia. Um deles, já referido na tribuna pelo Ver. Adeli Sell, trata do crédito suplementar para o Departamento Municipal de Limpeza Urbana, trata-se da repetição de um procedimento que tem ocorrido em todos os meses de novembro de todos os anos nesses tempos recentes. Lembro-me que, quando encaminhei essa discussão no ano passado, eu acentuava: espero que, no ano que vem, não tenhamos que conviver de novo com essa situação. Não é possível que sempre haja equívoco na elaboração do orçamento do DMLU, não é possível que ele seja tão mal estimado e que todos os anos ele volte ao nosso exame. Certamente, vamos ficar diante de uma audiência coletiva da Casa, audiência das Comissões Conjuntas, porque, provavelmente, tão logo esse assunto passe na pauta, venha imediatamente um pedido de urgência, em função de estarmos nos aproximando do derradeiro momento da execução orçamentária. Nós haveremos de discutir esse assunto novamente, acentuando essas circunstâncias que nos parecem extremamente relevantes, porque vai chegar um momento em que esta Casa cansará de votar suplementação orçamentária para o DMLU e o serviço vai ficar dificultado exatamente por esses equívocos permanentes na elaboração do orçamento dessa autarquia.

Juntamente com esses dois Projetos, há um Projeto de nossa autoria, já objeto de comentários judiciosos do Ver. João Dib e do Ver. Clovis Ilgenfritz, que a própria ementa me chama ao debate, quando S. Ex.ª busca regulamentar o artigo nº 232, inciso IV, da Lei Orgânica Municipal, incluindo Programa de Assistência Técnica aos Projetos de Construção de Moradia Econômica a Pessoas de Baixa Renda. A proposição, de fato, é relevante, ainda que já chegue ao nosso debate tendo algumas considerações da Procuradoria, que vão ser objeto de consideração das Comissões Técnicas. A Procuradoria diz que: “... quanto ao aspecto formal, a proposição regulamenta o inciso 4º, do art. 233, da LOM, tendo em vista que o art. 232 foi renumerado nos termos da Emenda à Lei Orgânica, 1297.

O referido dispositivo orgânico prevê que a execução de programas habitacionais será de responsabilidade do Município, que instituirá programas de assistência técnica gratuita, no Projeto, e construção de moradias para famílias de baixa renda.

Nos moldes, portanto, do art. 233, inciso 4º, da LOM, a proposição sob análise pretende instituir Programa de Assistência Técnica ao Projeto de Construção de Moradia Econômica à Pessoa de Baixa Renda, possibilitando assessoria técnica na área de moradia a pessoas ou grupos desorganizados e, ainda, otimizar o aproveitamento racional do espaço, de recursos humanos e de materiais construtivos necessários à moradia.

A proposição prevê a possibilidade de celebração de convênios para a efetivação do programa, afastando o aumento da despesa pública e permitindo a tramitação da matéria.”

Então, vencido esse obstáculo jurídico, nós temos que, imediatamente, cair na análise do mérito da proposição, que se encontra in albis. Eu lembro que na votação da LDO, do ano retrasado, nós propusemos, com emenda, a abertura do crédito que possibilitasse o surgimento desses programas, é um vacatio legis que precisa ser preenchido com urgência absoluta. É uma função que, como disfunção, por largo tempo o DEMHAB preencheu, ensejando esse apoio com o fornecimento das plantas, com o fornecimento de meios pelos quais milhares de moradias foram legalizadas no Município de Porto Alegre. O que o Ver. Clovis Ilgenfritz está buscando agora é instituir essa disfunção com uma função num programa que, pela sua relevância, tem, inicialmente, a minha simpatia. Mas eu, evidentemente, vou acrescer-me aos esforços do Ver. Clovis Ilgenfritz na tentativa de que este Projeto não só ande, mas como ande bem, atingindo os seus objetivos, que ele venha a se transformar em lei com a instituição desse programa que seria não só a regulamentação de um dos dispositivos da Lei Orgânica do Município que, como eu disse, tem o mesmo defeito da Constituição Brasileira, que é declaratória de direitos e não deferidora de direitos.

Então, nesse particular, agora pode-se ter a possibilidade de orientar e definir mais objetivamente. Isso é previsto dentro da Lei Orgânica Municipal.

Então, Sr. Presidente, neste primeiro contato que tenho com a matéria, manifesto a minha simpatia ao mesmo tempo em que alerto e anuncio a minha integração no bloco daqueles que vão se debruçar sobre o assunto com o objetivo claro e preciso de ver prosperar esta proposição do Ver. Clovis Ilgenfritz, que é uma boa proposição e que eu saúdo no início dos debates. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. Guilherme Barbosa está com a palavra para discutir a Pauta.

 

O SR. GUILHERME BARBOSA: Sr. Presidente e Srs. Vereadores. Neste curto espaço de tempo de cinco minutos vou tentar abordar três projetos do nosso período de Discussão Preliminar de Pauta. O primeiro, já comentado aqui, de autoria do Ver. Reginaldo Pujol, sobre a caligrafia dos médicos e dentistas. De fato, o Ver. Reginaldo Pujol aborda um assunto que a todos preocupa e, muitas vezes, o próprio paciente não tem condições, depois, de decifrar verdadeiros hieróglifos que estes profissionais utilizam nas suas receitas. Mas a Procuradoria da Casa relacionou uma série de diplomas legais no âmbito federal - inclusive, e principalmente, tem o direito de legislar sobre isso - que mostra que o Projeto de V. Ex.ª, de certa maneira, já é inócuo, já está abordado por um diploma superior. Mas eu reconheço que há, de parte de V. Ex.ª, uma preocupação para que seja interpretado corretamente aquilo que foi elaborado nos consultórios médicos e dentistas. Eu quero comentar, também, que faltaria um aspecto, no art. 1º, porque V. Ex.ª se refere à rede hospitalar pública ou privada ou estabelecimentos de consultórios particulares, faltou os postos de saúde, que não são considerados estabelecimentos hospitalares. Ficaria, aí, um vácuo no art. 1º do Projeto.

 

O Sr. Reginaldo Pujol: V. Ex.ª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Eu digo que este assunto está entrando para discussão e nós teremos a oportunidade de discuti-lo mais amplamente nos próximos momentos e nas Comissões Técnicas. Penso que suas primeiras ponderações são adequadas, especialmente quanto a eventuais espaços abertos que merecem ser preenchidos.

 

O SR. GUILHERME BARBOSA: Uma emenda corrigiria isso facilmente, embora, volto a dizer da existência de Legislação Federal. Também na Pauta, um Projeto do Ver. Paulo Brum, que obriga as empresas de transporte coletivo rodoviário do Município de Porto Alegre a fixarem em seus ônibus aviso de indenização por danos pessoais aos passageiros vítimas de acidente. Esse aviso deveria ter o seguinte teor: toda a pessoa vítima de acidente de trânsito causado por veículos automotores em via terrestre, transportada ou não, será indenizada pelo seguro obrigatório.

Gostaria de comentar a importância desse Projeto porque, de fato, essa Lei Federal já existe há 24 anos, no entanto, é desconhecida pela quase totalidade das pessoas. Quantos e quantos são atropelados, sofrem abalroamento e depois não têm o direito de receber esse seguro? No entanto, quero chamar a atenção - pena que o Ver. Paulo Brum não está presente neste momento - de que a ementa do Projeto de Lei se refere a transporte coletivo rodoviário, enquanto que a Lei Federal se refere a pessoas transportadas em via terrestre. A ementa diz respeito apenas a transporte coletivo, e qualquer outro tipo de transporte, seja táxi ou particular, também está abrangido por essa Lei citada, portanto, há uma certa contradição entre as duas questões.

Também queria reforçar a importância - assunto já abordado por outros Vereadores também - do Projeto encaminhado pelo Executivo para suplementar o nosso DMLU em mais 4 milhões e 145 cinco mil reais. Na Exposição de Motivos do Sr. Prefeito, chamou a minha atenção um dado muito importante: entre 1995 e 1997, tivemos um acréscimo quantitativo na coleta do lixo em nossa Cidade de 23,36%.

Sou daqueles que considero que o lixo urbano, hoje, é um dos principais problemas ambientais da nossa Cidade, da nossa Região Metropolitana, enfim, dá para afirmarmos, sem medo de errar, que é um problema ambiental dos mais graves no Planeta, e que nós temos que trabalhar, na verdade, é com a redução do lixo produzido por nossos cidadãos. O que está ocorrendo não é a redução, mas a ampliação da produção do lixo. Ora, vai chegar um tempo em que nós não teremos local para o depósito e tratamento do lixo.

Além da importância deste Projeto de suplementação de verba para o DMLU, nós temos que trabalhar, também, com uma mudança cultural de redução da produção de lixo individual, porque senão, vai chegar a um ponto insustentável para as cidades. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Queremos cumprimentar o Ver. Fernando Záchia pela passagem do seu aniversário no dia 21 de novembro. Vereador, receba os parabéns de toda a Casa. (Palmas.)

O Ver. Clovis Ilgenfritz está com a palavra para discutir a Pauta.

 

O SR. CLOVIS ILGENFRITZ: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, a Pauta traz alguns projetos que foram discutidos pelos Vereadores que me antecederam. Projeto do Ver. Reginaldo Pujol sobre a questão da caligrafia. Parece-me, salvo melhor juízo, que poderia se conseguir o intento de uma forma a não precisar de um projeto para tratar dessa questão, mas existindo o projeto, a discussão está colocada, a questão é real. A população e as farmácias precisam que haja uma correção de rumo nesse aspecto. A caligrafia dos médicos realmente é inelegível e, muitas vezes, perigosa para a correta interpretação.

O DMLU está com um Projeto de suplementação importantíssimo, em nosso entender, não deixa dúvidas de que há necessidade de aprová-lo o quanto antes.

Volto à tribuna também em função do nosso Projeto referente ao Programa de Assistência Técnica ao Projeto e Construção de Moradia Econômica para as pessoas de baixa renda. Projeto de construção da casa para as famílias que têm um terreno ou estão em áreas a serem regularizadas e que não têm condições financeiras de contratar um profissional e acabam sendo vítimas de um processo. Por exigência da Prefeitura, de existência de projeto e responsável técnico, e também por exigência do Conselho Federal de Engenharia, Arquitetura e Agronomia, e sua secção regional, o CREA, que também exige o RT, ou seja, o responsável técnico, acaba resultando que muitas pessoas, ao chegarem no balcão da Prefeitura, sejam solicitadas a trazer o projeto e isso as leva - e esse é um dos grandes problemas - a uma cadeia de processos que nem sempre são os mais acertados. Aliás, quase sempre a pessoa cai num processo onde terá que gastar o que não tem para legalizar o projeto, que acaba não sendo utilizado na hora de fazer a obra.

Tenho uma tradição, e por muitas e muitas vezes trabalhei gratuitamente, porque não havia como cobrar, para pessoas de baixa renda, porque entendo que ali na vila, no pequeno terreno conseguido a muitas custas, às vezes depois de uma regulamentação de uma área ocupada, ou mesmo um terreno herdado de alguém, ou comprado com aquele “pé-de-meia” por aquela pessoa que vem do interior, chega na capital e consegue numa determinada vila, esse terreno, para receber uma habitação, se ele tiver uma assessoria técnica competente, primeiro vai ter um produto de qualidade e, segundo, vai ter uma economia no encaminhamento do processo.

Muitas pessoas imaginam que contratar um profissional significa aumentar os gastos, quando, na realidade, é o inverso. Se o profissional trabalhar adequadamente - e a maioria assim o faz - o projeto terá uma economia e, também haverá condições de a pessoa fazer em etapas. Se eu tenho um terreno pequeno, tenho uma família grande, tenho pouco dinheiro, ele está situado numa área de difícil consecução de um projeto, em terrenos inclinados, terrenos em áreas, às vezes, insalubres, esse terreno precisa a adequada interpretação de um profissional, responsável técnico pela obra, e não apenas pela formalização, lá no quadro da Prefeitura, de um projeto que fica numa gaveta da Prefeitura, legalizado, mas na prática é feito outro.

Na Sessão anterior, eu citei que durante o governo do Prefeito Alceu Collares houve uma proposta de regulamentação de construções irregulares. E isso foi meio indiscriminado, pois o sujeito chegava lá, apresentava um desenho, era carimbado e estava regulamentado. Aí o Sindicato dos Arquitetos fez um convênio com a Prefeitura e os arquitetos, a preço de desenho, que era o mais barato possível, fizeram a regularização de mais de 700 pequenas obras, em especial casinhas nas vilas, inclusive nas ilhas. Para tanto, cada um dos 70 arquitetos envolvidos trabalhou com uma média de dez casinhas, que foram um sucesso. O Projeto, através dos convênios da Prefeitura com as entidades para obter recursos que cubram esses convênios, inclusive o financiamento do material de construção, busca solucionar um problema do poder público, do usuário e também visa à qualidade, que é o se busca sempre numa administração pública. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Está encerrado o período de discussão de Pauta.

 

O SR. JUAREZ PINHEIRO (Requerimento): Sr. Presidente, na data de hoje o Grande Expediente está destinado, por proposição deste Vereador, a homenagear o Dia do Músico. Neste sentido, eu requeiro a inversão da ordem dos trabalhos, para que passemos imediatamente ao Grande Expediente, e depois para a Ordem do Dia.

 

O SR. PRESIDENTE: Em votação o Requerimento do Ver. Juarez Pinheiro. (Pausa.) Os Srs. Vereadores que o aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADO.

Requerimento da Ver.ª Clênia Maranhão, que solicita Licença para Tratar Interesses Particulares no dia de hoje.

 

(Obs.: Foi aprovado Requerimento de licença da Ver.ª Clênia Maranhão, e dada posse ao Suplente, conforme consta na Ata.)

 

O Ver. Carlos Garcia está com a palavra para uma Comunicação de Líder.

 

O SR. CARLOS GARCIA: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, nos últimos dias tem-se falado muito no tão decantado período de transição entre um governo e outro. Só que nós estamos bastante preocupados, porque todo o dia comenta-se na imprensa a dificuldade por parte do governo atual em fornecer determinadas informações. Isso é bastante preocupante, porque nunca na história deste Estado ocorreu tal situação e é praxe que um governo passe as informações para o outro, até porque a Frente Popular vai governar pela primeira vez e precisa saber, com a maior fidedignidade possível, dessas informações. Mas parece que o Governo do Estado não tem tido esse bom senso de passar as informações e, ao mesmo tempo, está fazendo terrorismo em cima dos seus próprios funcionários, dizendo que serão demitidos todos os Cargos de Confiança; sabe-se que é uma prática em que nem todos são demitidos de uma hora para outra. Nós sabemos que existem alterações, agora, essas práticas é que não estamos conseguindo entender.

Então, em nome do Partido Socialista Brasileiro, nós gostaríamos que o Governo tivesse bom senso em fornecer os dados que estão sendo solicitados e, ao mesmo tempo, tranqüilizasse aquelas pessoas porque o terrorismo está implantado. Eu questiono o que se falava na época da campanha, ou seja, que todo mundo vai ser demitido. Ora, nós sabemos que nem todos serão demitidos; é claro, alterações profundas serão feitas. Agora, o bom senso de passar as informações é um direito e um dever. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Passamos ao

 

GRANDE EXPEDIENTE

 

O SR. PRESIDENTE: O Grande Expediente da presente Sessão está destinado a homenagear o Dia do Músico, nos termos do Requerimento nº 105/98 (Proc. 1202/98), de autoria do Ver. Juarez Pinheiro.

Convidamos para compor a Mesa o Sr. Gilmar Eitel Vein, representando o Sr. Prefeito Municipal; os Srs. Darcy Alves e Luiza Helena de Lima Rode, respectivamente, Vice-Presidente e Secretária do Sindicato dos Músicos Profissionais do Rio Grande do Sul.

Ver. Juarez Pinheiro, como proponente da homenagem, está com a palavra.

 

O SR. JUAREZ PINHEIRO: Ex.mo Sr. Presidente da Câmara Municipal de Porto Alegre, Ver. Luiz Braz; representante do Sr. Prefeito Municipal, Diretor de Música da Secretaria de Cultura do Município, Gilmar Eitel Vein; Vice-Presidente do Sindicato dos Músicos Profissionais do Estado, Sr. Darcy Alves, que é Cidadão Honorário: Il.ma Secretária do Sindicato dos Músicos Profissionais do Rio Grande do Sul, Sr.ª Luiza Helena de Lima Rode; Sr.as Vereadoras, Srs. Vereadores, estou muito orgulhoso de ser o proponente deste Grande Expediente em homenagem ao Dia do Músico.

Falar de música é falar da manifestação cultural mais antiga da humanidade; falar de música é falar de sensibilidade, do lúdico, de emoção, mas também de luta - que o digam os músicos gaúchos, que lutam para fazer música aqui, sem precisar ir para o Rio de Janeiro ou São Paulo -; falar de música é falar de Tom Jobim, de Lupicínio, de Egberto Gismonti, de Radamés Gnatalli, de João Gilberto, de Cil Farney, de Darcy Alves, de Elis, de Túlio Piva, de Plauto Cruz, da Flauta e tantos outros.

A música que aguça nossos sentimentos e sensibilidade, ora serve para lembrar nossos velhos e novos amores, ora para elaborar nossas tristezas, ora para comemorar nossas vitórias, ora para dizermos não ao arbítrio.

E quem, por acaso, esqueceu Geraldo Vandré?

Quem, mesmo não apaixonado, não se emociona ao ouvir os versos de Lupicínio, cantando seus amores, dizendo: “Você sabe o que é ter um amor, meu senhor, ter loucuras por uma mulher e depois encontrar esse amor, meu senhor, nos braços de um outro qualquer.”

Ou então, “Esses moços, pobres moços, ah se soubessem o que sei, não amavam, não passavam por tudo que eu já passei”.

Nós precisamos, mais do que nunca, de mais músicos, de mais felicidade. Músicas e músicos que ajudem o nosso povo a ser mais feliz, a libertarem-se dos velhos e novos opressores, que no momento procuram, de novo, nos transformar em colônia.

Ontem, ao escutar uma entrevista de Oscar Peterson, que junto com Duke Wellington são os maiores pianistas de jazz, falando sobre as músicas e músicos brasileiros; ao lembrar que este ano comemoramos 40 anos da bossa nova, que começou em 1958 com João Gilberto em “Chega de Saudade”; e ao lembrarmos que ele, dois anos antes, passou quase um ano em Porto Alegre, aprendendo música e harmonia com o pianista e compositor erudito de Porto Alegre, Armando Albuquerque; e ao lembrar, também, da luta dos músicos gaúchos para sobreviverem da profissão, senti-me muito feliz e muito honrado de ter proposto esta iniciativa.

Pela coordenação de fenômenos acústicos para produzir efeitos estéticos temos a música. Ao que tudo indica, todos os povos do mundo desenvolvem manifestações sonoras. Às vezes, a música integra toda a coletividade, às vezes é manifestação individual, às vezes mostra as faixas de uma sociedade dividida em classes.

E como gosto é gosto, o fato de não se compreender certa proposta musical, não justifica uma postura extremista, como muitas vezes é comum com a expressão: “mas, isto não é música”.

Gostar de um determinado tema musical é uma coisa. Reconhecer a importância desta ou daquela composição é. Seja como for, a expressão musical é um verdadeiro condomínio da humanidade, diante das mais variadas expressões de cultura sobre o assunto.

Nesse passo se insere a música brasileira. Dentro dela vários autores se destacam. Por exemplo, no campo do título de grande compositor temos Heitor Villa Lobos. Seu nacionalismo é destacado ao correr de sua obra. Originais são as Bachianas Brasileiras e os Choros. Ao seu lado ocupam lugar distinguido: Lorenzo Fernandez, Francisco Mignone, Camargo Guarnieri. E no paralelo hispano-americano destaca-se o patrício, autor de O Guarani, Carlos Gomes.

Por outro lado, como expressão cultural das populações das principais cidades do Brasil colonial, no século XVIII, lá estão os fundamentos da música popular brasileira, que é marcada pela síntese de sons indígenas, dos negros, como é o caso do lundu. E sons portugueses, como é o caso das modinhas. Apresenta grande variedade de gêneros e ritmos. Reflete a diversidade regional do País. O lundu - dança de origem angolana, trazida pelos escravos - predomina durante o século XIX. Sua fusão com ritmos estrangeiros resulta no maxixe. Surgiu no Rio de Janeiro entre 1870 e 1880. E, mais tarde, o samba. Nessa época aparece o chorinho, gênero musical e formação instrumental composta basicamente por violão, cavaquinho e flauta. Seus principais representantes são Chiquinha Gonzaga com o sucesso: O Abre Alas. E mais tarde Alfredo da Rocha Viana Júnior, que se popularizou como Pixinguinha, com o consagrado Carinhoso.

O samba vem influenciado pela marcha, pelo batuque, pelo lundu entre outros ritmos. Dentro desse gênero destacam-se, entre outros, Cartola, Ataulfo Alves, Adoniran Barbosa. Consagram-se autores de marchas carnavalescas, como Lamartine Babo, com o sucesso O Teu Cabelo Não Nega, Dorival Caymi que compõe O Que é Que a Baiana tem? Gravada por Carmem Miranda. Noel Rosa, por sua vez, registra o cotidiano carioca com lirismo e humor no consagrado Com que Roupa.

No final dos anos 20 surgem as duplas sertanejas com as chamadas moda de viola. A musica brasileira faz sucesso no rádio, a partir de 1930. Destacam-se entre outros, Francisco Alves, Orlando Silva, Silvio Caldas. Isaurinha Garcia, Emilinha Borba, Marlene.

A década de 50 é fortemente marcada pelo samba-canção, que trata de temas relacionados com desventuras do amor, como é o caso de Vingança, cujo autor é o gaúcho porto-alegrense Lupicínio Rodrigues.

Na virada dos anos 40 para 50 acontece um grande sucesso da música nordestina: Luiz Gonzaga, autor de Asa Branca, passa a ser conhecido como o “Rei do Baião”; outro compositor de sucesso é Zé do Norte que, em 1950, cria um grande sucesso, que serve, também, de tema no cinema: Mulher Rendeira. Em 1958 surge a Bossa Nova, cuja estrutura harmônica é influenciada pelo jazz. Destacam-se nela, entre outros, João Gilberto e Tom Jobim, e ela inicia com a música composta por João Gilberto e por ele interpretada no mês de abril de 1958: Chega de Saudade.

Nos anos 60, temos as canções de protesto contra o Golpe Militar de 1964. Como exemplo temos Geraldo Vandré, com a sua consagrada Para Não Dizer Que Não Falei de Flores.

Como é sabido que o dia 22 de novembro é o Dia de Santa Cecília e é, também, o Dia do Músico, peço vênia para tecer considerações finais sobre o Sindicato dos Músicos Profissionais do Estado do Rio Grande do Sul. O Sindicato originou-se como Centro Musical de Porto Alegre, fundado em 31 de janeiro de 1920, tornando-se Sindicato dos Músicos de Porto Alegre em 05 de dezembro de 1941, por Carta emitida pelo Ministério de Estado dos Negócios, Trabalho, Indústria e Comércio, tendo a sua base estendida para todo o Estado do Rio Grande do Sul, em 21 de julho de 1985, pelo Ministério do Trabalho, com sede na Av. Otávio Rocha, nº 40 - 8º andar, no Centro de Porto Alegre, e reconhecido como representante da Categoria Profissional dos Músicos Profissionais do Estado do Rio Grande do Sul.

O objetivo institucional do Sindicato é o de representar, perante as autoridades administrativas e judiciárias, os direitos e interesses da categoria profissional dos músicos, na forma do estabelecido no art. 8º, inciso III da Constituição.

Hoje, o Sindicato conta com outra sede, no 6º andar do mesmo endereço, onde funciona a administração, ficando a antiga sede, o 8º andar, para a realização de cursos e oficinas de música para iniciantes e aperfeiçoamento para profissionais.

A Diretoria atual está, mais do que nunca, empenhada na luta dos seus associados e da categoria em geral por melhores condições de trabalho, assim como pela ampliação dos espaços para desenvolvê-lo. Tem, como Presidente, o Sr. José Carlos Matos da Silva; como Vice-Presidente, o cidadão honorário que compõe a Mesa, Sr. Darci Alves; como Secretária, a Sr.ª Luiza Helena Rode; como Tesoureiro Silfarnei da Silva Alves e discobibliotecário Gilberto José.

Para finalizar, o Sindicato apresenta como suas principais reivindicações a utilização dos meios de comunicações, tevê, rádio e jornal para uma maior divulgação dos músicos em seus trabalhos: como a utilização de músicos locais em shows nacionais e internacionais, realizados no Estado; a obrigatoriedade de que, em todo lugar em que houver música mecânica, aja pelo menos 50% de música ao vivo e também a apresentação de músicos em locais públicos, Shopping Center, Centro Comercial, Mercados Públicos, devidamente subsidiados, ou através de convênios culturais.

Repito. É uma alegria imensa para mim ter proposto esse Grande Expediente, porque toca na sensibilidade e porque toca na luta de centenas, de milhares de trabalhadores da área, que com muitas dificuldades continuam fazendo música no Rio Grande do Sul, para o Rio de Janeiro, São Paulo ou para o centro do país.

Quero, por fim, registrar a presença da Maria Lúcia, animadora cultural desta Cidade que nos honra neste Plenário com a sua presença. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. João Dib está com a palavra.

 

O SR. JOÃO DIB: (Saúda os componentes da Mesa.) Srs. Vereadores, meus senhores e minhas senhoras, serei muito breve. Já dizia Cervantes: “Onde há música, não pode haver ações más.” Os Músicos, portanto, são aquelas pessoas extraordinárias, que tentam fazer um mundo melhor. Nós vivemos num mundo onde não há solidariedade, onde não há respeito pelos seus semelhantes, mas a música aproxima todos, e tenta fazer com que todos sejam bons, que a solidariedade, o carinho, o afeto e a emoção estejam presentes nas nossas vidas.

Ao longo de minha vida pública, em Porto Alegre, vivi momentos extraordinários no convívio com os músicos de Porto Alegre, músicos excelentes, sem dúvida nenhuma, mas que não têm tido a necessária sorte, porque também é preciso ter sorte para ser reconhecido como um bom músico, um bom cantor, um bom compositor. Nós temos músicos em Porto Alegre que não ficam a dever nada a cantores e compositores que fazem sucesso nacional extraordinário, no rádio e na televisão, mas, infelizmente, ainda não chegamos ao ponto de fazer com que esses músicos sejam reconhecidos e que tenham pleno sucesso.

Resta-me, neste Dia do Músico, pedir a Santa Cecília, Padroeira de todos os músicos, que estenda as suas bênçãos sobre os músicos, especialmente os gaúchos, os porto-alegrenses, para que eles tenham um lugar ao sol, pois eles realmente merecem. É apenas essa a mensagem da Bancada do Partido Progressista Brasileiro, dos Vers. Pedro Américo Leal, João Carlos Nedel e este Vereador. Saúde e paz! Muito obrigado. (Palmas.)

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. Lauro Hagemann está com a palavra.

 

O SR. LAURO HAGEMANN: (Saúda os componentes da Mesa.) Sr.as e Srs. Vereadores, boa lembrança do colega Juarez Pinheiro em lembrar hoje o Dia do Músico. A música está intimamente associada à vida humana. A nossa fala é música. É a primeira manifestação musical do homem e, através dos tempos, a música foi tomando conta da sociedade humana, do convívio humano, da pessoa humana. Tenho uma grande mágoa de não saber executar nenhum instrumento, mas isso são contingências.

Gosto de ouvir música de toda espécie e quero aproveitar esta oportunidade para prestar uma homenagem muito profunda a um músico porto-alegrense que se destacou no cenário musical brasileiro e internacional. Pouca gente lembra dele, sabe dele, no entanto é um nome bastante conhecido - Radamés Ignatali. Uma das figuras mais notáveis do mundo musical contemporâneo brasileiro-porto-alegrense. Até já me passou pela mente a idéia de trazer os seus restos mortais para Porto Alegre e aqui edificarmos um monumento a Radamés Ignatali, como preito de homenagem, de respeito a essa figura porque em todos os dicionários musicais o nome de Radamés aparece com muita expressividade. Porto Alegre tem a sorte de ser uma cidade musical, aqui nasceram, aqui se desenvolveram fenômenos musicais, não só da música erudita mas, também, da música popular.

Além do Radamés que, por motivos óbvios não pode prosperar aqui, como muitos outros, porque nós estamos no fim da linha, como se diz vulgarmente, outros músicos eruditos também aqui conviveram. Mais recentemente, como contemporâneos , temos Armando Albuquerque, Renato Ren, Bruno Kiefer, que são figuras notáveis do mundo musical porto-alegrense. No campo popular, então, nem se fala: Paulo Coelho, pianista notável; outros mais recentes que convivi, ainda no tempo da orquestra da Rádio Farroupilha, Salvador Campanela, Breno Baldo, Marino, essa gente toda e muitos outros que não se pode nominar sem criar um desconforto para aqueles que não forem nominados.

Esta Casa, chamo a atenção, precisaria desenvolver um trabalho que resgatasse a memória musical de Porto Alegre, se não fosse através da Casa, pelo menos que ela impulsionasse isso porque faz parte de Porto Alegre essa história. Estamos perdendo pedaços notáveis, incríveis da história, da memória da nossa Cidade ao deixarmos passar essas coisas. Estou falando da música dos anos 50, 60, 70, sem falar da música dos tempos atuais, que é diferente, pois a nossa mocidade enveredou por outros caminhos musicais, mas temos que assimilar essas coisas. Temos que nos preocupar em entender este momento pelo qual estamos atravessando, que é uma ponte para o futuro.

Está aqui representado o Sindicato dos Músicos, que é o órgão representativo da categoria mais antiga que Porto Alegre tem e com o qual eu convivi muito tempo, numa fraterna associação, através do Sindicato dos Radialistas. Através do Sindicato e da Federação dos Radialistas nós intentamos, na década de 60, instituir a obrigatoriedade da programação artística ao vivo nas emissoras de rádio e televisão. A lei que está aí, hoje, está fora do tempo, anacrônica, caberia uma revisão porque o que se vê no rádio e na televisão deste País é um atentado à cultura, à memória, enfim, a uma série de coisas que se chama, no conjunto, de cultura brasileira. Infelizmente, as nossas autoridades parecem que não entendem, ou não querem entender que o País precisa de memória, porque, como está escrito lá na pedra da Assembléia povo que não tem memória não tem futuro”. E nós estamos fadados a não ter futuro porque estamos esquecendo da nossa memória. Porto Alegre, apesar de ser uma cidade jovem, tem uma história musical riquíssima.

O nosso Hardy Vedana que foi Presidente do Sindicato dos Músicos produziu uma excelente obra sobre o jazz em Porto Alegre, mas não passou disso. Então, esses fatos precisam ser reverenciados, registrados e lembrados. Não sabemos de muitos fatos que ocorreram nesta Cidade: Porto Alegre foi um centro musical vivíssimo. Nós temos, ainda hoje, praticamente a única Orquestra Sinfônica de Porto Alegre com vida regular, a OSPA, uma Orquestra Sinfônica Nacional. Os outros estados têm às suas orquestras sinfônicas, mas de duração e vida efêmera. A nossa OSPA sobrevive. Este é um momento muito oportuno para lembrarmos da memória musical de Porto Alegre; o Sindicato dos Músicos está aí para garantir que a categoria se mantenha, porque, ao contrário de tantas outras que vem e vão, ela está. Meus parabéns. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. Isaac Ainhorn cede seu tempo ao Ver. Cláudio Sebenelo. O Ver. Cláudio Sebenelo está com a palavra.

 

O SR. CLÁUDIO SEBENELO: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, hoje é o Dia do Músico. O Jornalista Gilmar Eitelvein é uma das pessoas responsáveis também por uma área cultural tão importante para nós, que é o Auditório Araújo Viana. Caríssimo Jornalista, hoje é o Dia do Músico.

O Vice-Presidente do Sindicato dos Músicos profissionais do Estado do Rio Grande do Sul, Sr. Darcy Alves, aos poucos, estudando oito a dez horas por dia de violão, Sargento Rádio-Telegrafista da Aeronáutica, com estágio em várias partes do mundo, nos Estados Unidos, no Caribe, desenvolveu aquele bom gosto extraordinário que ele tinha pela música. Eu nunca me esqueço uma tarde em que eu ouvi uma música de Franz Von Suppé, chamada “O Poeta e o Campônio”, que é necessário ser interpretada por uma orquestra e ele fazia essa orquestra toda naquele seu solo maravilhoso. E Jessé Silva, do violão, foi professor de música e não ganhou nada com a música. Trabalhou, fez amigos, mas, principalmente, comia, bebia e dormia música. De manhã, de tarde, de noite, mas especialmente de madrugada. Ele ficou durante três dias fechado, num restaurante, no Rio de Janeiro, com toda a turma do Pasquim, acompanhando este monumento da música brasileira, de Porto Alegre, chamado Lupicínio Rodrigues.

Um dia, e é a maior homenagem que eu posso fazer a Lupicínio, já no fim da sua vida, - e esse País sem memória não tem gravado esse programa da TV Bandeirantes -, uma pessoa que estava no júri, e estava, ali, só porque era filha de um artista e não porque tinha capacidade, ousou dizer que os compositores antigos não tinham mensagem, não entendiam de música, não tinham talento. E Lupicínio Rodrigues respondeu no ar, cinco minutos depois, com uma música que ele fez em cima da perna e que, depois, foi gravada, inesquecivelmente, por Maria Bethânia. Chama-se Loucuras: “Daí, eu comecei a cometer loucuras.” Ele fez essa música em cinco minutos, para responder a essa pessoa. “E os meus versos não contêm mensagens? São palavras tristes sem nenhum valor?” Na verdade, era uma resposta àquela jurada de um concurso de música que dizia que os compositores da dor de cotovelo não tinham talento; talento inesquecível, incomensurável e imortal de Lupicínio Rodrigues gravado e reconhecido por todos os grandes intérpretes da música brasileira.

Mas, eu volto, - apesar de ser um grande acompanhante de Lupicínio Rodrigues - a Jessé Silva, que morreu pobre tendo construído uma trajetória toda voltada para a música. Morreu tendo construído uma família maravilhosa, suas filhas adoram música e a sua viúva Bernadete também, e toda vez que se fala em Jessé Silva penso que esta Câmara um dia o homenageará postumamente, este monstro sagrado da noite de Porto Alegre, ele que foi um exemplo de perseverança, de competência, mas ele simboliza perfeitamente a bravura, o talento e esta saga interminável que todo músico daqui da nossa Cidade de Porto Alegre tem traçado no seu destino, o destino desta Cidade.

Eu tenho, Sr. Presidente, uma idéia fixa de que um, dia respondendo ao Ver. Lauro Hagemann, esta Câmara poderia fazer um CD sobre músicas de Porto Alegre. E eu Já queria dizer como seria o CD. Esse CD seria com o Gianfrancesco Guarnieri declamando o Mapa de Mario Quintana e a Oracina Corrêa cantaria Alto da Bronze e o Kleiton e o Kledir cantariam Deu Pra ti Baixo Astral, Vou para Porto Alegre, Tchau. Muito obrigado. (Palmas.)

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Senhoras e Senhores, depois de ouvirmos os oradores que representaram a Casa neste Grande Expediente destinado a homenagear o Dia do Músico vamos ouvir música, porque hoje é Dia do Músico. Vamos ouvir a apresentação da música Loucura, de autoria de Lupicínio Rodrigues, que, segundo o Ver. Cláudio Sebenelo, foi composta em 5 minutos. Interpretada por Luiza Helena, de Lima Rode acompanhada de Silfarnei ao violão.

 

(É feita a apresentação da música Loucura.) (Palmas.)

 

Agora, vamos ouvir, um pedido especial, com Darcy Alves e Silfarnei a música Pobres Moços, também de Lupicínio Rodrigues.

 

(É feita a apresentação da música Pobres Moços.) (Palmas.)

 

Com a palavra a Secretária do Sindicato dos Músicos Profissionais do Estado do Rio Grande do Sul, Sr.ª Luiza Helena de Lima Rode.

 

A SRA. LUIZA HELENA DE LIMA RODE: Sr Presidente e Srs. Vereadores, o Sindicato dos Músicos do Estado do Rio Grande do Sul agradece à Câmara de Vereadores de Porto Alegre pela oportunidade de, pela primeira vez, homenagear os músicos profissionais gaúchos. Este momento serve para que possamos chamar a atenção dos profissionais da música e dos órgãos públicos, de que devemos, mais do que nunca, unirmos nossas forças em torno de um ideal que é a música. Ainda faço aulas de harmonia, solfejo e o meu Professor diz: “Uma vida só não basta para se fazer música”. Muito obrigada.

 

(Não revisto pela oradora.)

 

O SR. PRESIDENTE: Estão suspensos os trabalhos para as despedidas.

 

(Suspendem-se os trabalhos às 15h32min.)

 

O SR. PRESIDENTE (às 15h37min): Estão reabertos os trabalhos. Pergunto se os Vereadores inscritos no Grande Expediente ainda desejam fazer uso do tempo. Ver. Henrique Fontana. Ausente.

Ver. João Carlos Nedel está com a palavra.

 

O SR. JOÃO CARLOS NEDEL: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, gostaria muito de falar de um assunto que se encontra esquecido: o turismo em Porto Alegre. Muito bem defendido pelo Ver. Adeli Sell, mas não correspondido pelo Executivo Municipal. Há mais de cinco meses esta Câmara impediu o fechamento da EPATUR. E o que o Prefeito, teimosamente, está fazendo? Retirou todas as verbas da EPATUR, quer matá-la à míngua. Teimosamente insistindo em sua idéia de formar um “escritoriozinho” de turismo junto à SMIC. Ora, se a SMIC já não dá conta do seu assunto, indústria e comércio de Porto Alegre, muito menos dará conta do turismo. A Prefeitura pouco ou nada investe em turismo.

Para dar uma idéia, agora deu um breve sinal de vida, destinou 150 mil reais, Ver. Cláudio Sebenelo, para investimento no turismo em Porto Alegre. Em contrapartida, a Prefeitura do Rio de Janeiro, Ver. Pedro Américo Leal, destinou a importância de 18 milhões para promover o turismo no Rio de Janeiro. Ora, não há comparação! A iniciativa privada, Ver. Paulo Brum, está investindo 100 milhões de reais para expandir a rede hoteleira em Porto Alegre. Já concluiu o Centro de Eventos da FIERGS e o Centro de Eventos da PUC. A Associação Médica do Rio Grande do Sul está concluindo o seu Centro de Eventos. A PUC construiu a passarela na Ipiranga e um estacionamento coberto para melhorar a infra-estrutura do seu Centro de Eventos.

A iniciativa privada, ainda, constituiu o “Convention Bureau” para atrair eventos para Porto Alegre, inclusive, já têm eventos tratados para o ano 2005. Isso sim é contribuir para o turismo em Porto Alegre

 

O Sr. João Dib: V. Ex.ª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Ver. João Carlos Nedel, quero cumprimentá-lo, porque V. Ex.ª usa reiteradas vezes a palavra investimento em turismo. Não poderia ser diferente, V. Ex.ª é experto em contabilidade e sabe que tudo o que é investido em turismo o retorno é muito grande.

 

O SR. JOÃO CARLOS NEDEL: Obrigado, Vereador Dib. O Shopping Iguatemi expandiu o seu negócio. O Grupo Zaffari inaugurou um Shopping de Primeiro Mundo na Ipiranga. Colabora, também, com a Prefeitura, construindo, a seu custo, uma ponte sobre o Arroio Dilúvio na Ipiranga, pavimenta ruas para viabilizar mais um binário para o nosso trânsito e melhora a iluminação de parte daquele bairro.

Daqui a dois dias inaugura o Hipermercado do Big, que é a primeira parte do Shopping Cristal que, a seu custo, reassenta favelas, constrói conjunto habitacional, faz benfeitorias nas ruas para melhorar o trânsito do Bairro Cristal.

O Governo do Estado, por sua vez, quer implantar o Porto dos Casais e o Teatro da OSPA, mas a Prefeitura, como não quer turismo em Porto Alegre, retarda e põe vários empecilhos para aprovar o Projeto. O Governo Estadual amplia o Theatro São Pedro, reforma o Museu de Artes, o Museu Júlio de Castilhos e a Biblioteca Pública, tudo para tornar Porto Alegre mais atrativa ao turismo. Por sua vez, Ver. Sebastião Melo, a Prefeitura pouco ou nada faz. O Morro da Embratel e seu acesso estão abandonados, a Prefeitura acabou com a Doca Turística, o Belvedere Rui Ramos, no Morro Santa Teresa, continua abandonado e seus banheiros são piores do que uma lixeira. O pedido de providências de minha autoria e a reportagem da Zero Hora sobre o assunto apenas motivaram um quarto de sola no Belvedere Rui Ramos. A rua Santuário, que dá acesso ao Santuário Mãe de Deus, no Morro da Pedra Redonda, está abandonada e a Prefeitura nada prevê para solucionar o problema do Santuário da Padroeira de Porto Alegre, já famoso no exterior, mas que para a Prefeitura nada significa.

O trânsito contribui para o turismo de Porto Alegre, e o que fez a Prefeitura? Pasmem, Srs. Vereadores, a Prefeitura alterou o plano original da III Perimetral e cancelou a construção de uma elevada na Av. Salvador França com a Av. Ipiranga, desejando trancar todo o trânsito para quem vai a PUC, para os seus milhares de estudantes, para quem utiliza o Hospital São Lucas, para os habitantes de Viamão, do Bairro Lomba do Pinheiro, para o Jardim do Salso, o Jardim das Bandeiras, para aqueles que utilizam a sede da CEEE, para o Lar Santo Antônio dos Excepcionais, o Clube Farrapos, ou seja, vai continuar trancando o trânsito em Porto Alegre. Apelo à Prefeitura Municipal que retorne ao projeto original, que retome a elevada da Av. Salvador França com a Av. Ipiranga.

 

O Sr. Sebastião Melo: V. Ex.ª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Nobre Vereador, primeiramente, quero cumprimentá-lo, pois sei que V. Ex.ª é um dos Vereadores que mais tem insistido nesta matéria aqui na Casa. Turismo, entre várias coisas, é sinônimo de emprego, retorno para esta Cidade, que tem tantos desempregados. E os dados estatísticos da Secretaria Estadual, disponibilizados, mostram que as pessoas que vêm para o Rio Grande do Sul fazem de Porto Alegre um corredor, porque não existe uma política de turismo nesta Cidade maravilhosa e extraordinária, de belezas fantásticas que poucas capitais brasileiras têm.

Então, quero cumprimentar V. Ex.ª Sei que tem insistido nesta matéria e que esta Administração que está aí tem sido também insensível nesta matéria, que é muito importante para o desenvolvimento desta Cidade. Cumprimento-o, Vereador!

 

O SR. JOÃO CARLOS NEDEL: Então, já fiz o primeiro apelo: que retome a elevada da Av. Salvador França com a Av. Ipiranga. O segundo apelo: que voltem a pensar e a investir no turismo para o bem de Porto Alegre. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Juarez Pinheiro): O Ver. Adeli Sell está com a palavra por cedência de tempo do Ver. João Motta, em Grande Expediente.

 

O SR. ADELI SELL: Sr. Presidente, Srs. Vereadores. Quero falar de dois assuntos. Um deles vou falar brevemente, porque já toquei nessa questão várias vezes. Mas, sem dúvida nenhuma, retomarei essa questão outras tantas vezes. Eu acabo de receber aqui uma nota do jornalista Rogério Luiz Mauermann: “Quem não tem dinheiro assina promissória de três reais em pedágio”. No dia 18 de novembro o jornalista Rogério Luiz, numa quarta-feira, vinha de Tucunduva, onde fazia uma cobertura da Festa do Músico, e por volta das 22h30min, no pedágio de Lajeado, na BR 386, administrado pela Sulvias, depois de tantos pedágios de ida e vinda, acabou o dinheiro e os fiscais do pedágio não permitiram a passagem do veículo que trazia o jornalista, a esposa e um amigo. Depois, um fiscal que o fez assinar a promissória, retirou o seu crachá, mas o jornalista conseguiu ler o nome: Eduardo. Então por que esconde o seu crachá? Depois, o Jornalista faz  outras considerações que vou poupá-los de ouvi-las.

Por que falo nesta questão? Porque estão sendo cometidas várias irregularidades no Rio Grande do Sul por parte dos governantes. Hoje, foram instalados mais dois pedágios. Na semana passada, cinco pedágios. Todos os advogados a quem mostrei os contratos, acham que existem irregularidades. Já entrei, como outras tantas pessoas entraram, na Justiça neste Estado, mas, infelizmente, ainda não tivemos nenhuma conclusão, mas alguns dos pedágios foram fechados várias vezes, no caso de Viamão, Farroupilha e Três Coroas. Alguma coisa de muito errada existe aí, e não vamos nos calar diante desta situação. Creio que Procuradoria do Estado, que as autoridades, que o governo do meu partido, que vai assumir no próximo ano, vai tentar, de todas as formas possíveis, mudar esta drástica situação. Nos Estados Unidos paga-se um dólar para passar no pedágio, e a distância entre um e outro é muito maior da que existe no Rio Grande do Sul e lá não acontece o que está acontecendo aqui, onde o nosso caminhoneiro está falindo por pagar essas altas taxas de pedágio. Voltaremos ao tema, sem dúvida nenhuma.

Quero usar o Grande Expediente para tratar de um tema nacional. Evidentemente, qualquer cidadão é contra a escuta telefônica, é contra o grampo. Mas, creio que um homem público, quando trata de questões públicas, mesmo ao falar ao telefone, deve manter a sua condição de homem público, porque ele está tratando de coisas públicas. E o que fez o Ministro Mendonça de Barros depõe não apenas contra ele, mas contra o governo, os governantes. A televisão mostrou de forma cristalina o que ali foi dito, e há coisas muito graves que foram ditas pelo Sr. Ministro. O debate que se fez no Congresso Nacional nos últimos dias, não é apenas o meu partido, não são apenas os senadores e os deputados do PT que cobraram - e continuam cobrando - inclusive uma CPI; são vários partidos, felizmente. Isso quer dizer que nós estamos com parceria na defesa da ética na política, e isso é altamente positivo para o nosso País.

Infelizmente, o Presidente da República disse que não via motivos para a demissão do Ministro. Lastimo profundamente o fato de um professor, um homem que tem uma história e que é o primeiro mandatário deste País não ver problemas numa declaração em que se fala inclusive do grau de irresponsabilidade do Ministro e de outros membros do governo sobre as negociações que estavam fazendo, da pressão que faziam sobre determinados grupos econômicos, e começavam a articular outros grupos econômicos para a compra das chamadas “teles”. Ou seja, a privatização da telecomunicação no nosso País.

Diferente do que pensam alguns Vereadores desta Casa, eu acho que a comunicação, mesmo no mundo moderno do próximo século, é estratégica. Eu creio piamente nisso e creio que eu seja um homem moderno. Não sou dinossauro, porque estou tentando, cada vez mais, me colocar em dia com o mundo moderno. Tenho a convicção de que a comunicação é estratégica num País como o Brasil. Neste sentido, eu sempre fui, e continuo sendo, contra a privatização das telecomunicações.

Acho que essa avalanche de empresas multinacionais que tomaram conta das nossas “teles” da maneira como tomaram conta, Ver. Pedro Américo Leal, está equivocada.

 

O Sr. Pedro Américo Leal: V. Ex.ª permite um aparte? (Assentimento do orador.) V. Ex.ª tem razão. A comunicação tanto é estratégica, tanto está imbuída na segurança nacional, que provocou um problema de governo, resultando na demissão de uma equipe do primeiro escalão do governo federal. As comunicações são estratégicas. V. Ex.ª tem plena razão. Está provado.

 

O SR. ADELI SELL: Eu fico muito feliz ao saber de sua opinião, caro Ver. Pedro Américo Leal. Isso demonstra que a preocupação com a soberania do País não é apenas uma questão das esquerdas do nosso País, mas de muito mais pessoas que amam este País, que defendem o território e, fundamentalmente, defendem os interesses nacionais. O que fez Mendonça de Barros, o que fizeram os membros do Governo, conversando de forma irresponsável no telefone? Eles sabiam e sabem que um telefone pode estar grampeado - e nós somos contra grampos em telefone. Nós, muitas vezes, fomos vítimas desse tipo de ação desses arapongas. No entanto, aquilo que é público, tratado ao telefone ou tratado em uma sala de Governo, não pode ter dubiedade; todas as coisas públicas devem ser tratadas com essa seriedade.

Nós vamos continuar aqui de uma forma clara, objetiva e insistir: o Brasil não ficou melhor depois das coisas que foram feitas pelo Sr. Mendonça de Barros, mas ficarão melhores com ele fora do Governo. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. Cyro Martini está com a palavra. O Ver. Cyro Martini está substituindo o Ver. Paulo Brum que está em Licença.

 

O SR. CYRO MARTINI: Sr. Presidente e Srs. Vereadores. Eu quero, novamente, aproveitar a oportunidade que me é conferida no sentido de ocupar esta tribuna para voltar a chamar a atenção acerca da “mercantilização” dos serviços de trânsito no Estado do Rio Grande do Sul. A transformação dos serviços de trânsito em mercadoria tem-me preocupado sobremodo, porque sei que esse interesse comercial dentro do qual foi atirado, foi jogado o trânsito, não trará como meta a segurança e a ordem no trânsito, trará como prioridade aquilo que é próprio do comércio, que é a venda e o lucro. Quando estranham que um CHC foi vendido ou está à venda, eu fico surpreso. Por que estranhar, se é uma mercadoria que pode ser comprada, vendida e transacionada, não havendo nada, em princípio, que impeça? É claro que, sob o ponto de vista administrativo, até haveria impedimento, mas essa preocupação vem reforçada, porque se o trânsito vai se inspirar, vai ter como filosofia de base interesses comerciais, CHC, Centro de Registro de Veículos, Inspeção de Segurança Veicular e por aí afora, nós devemos ficar cada vez mais preocupados com os acidentes do trânsito.

Os registros dos jornais do início desta semana, a Zero Hora, o Correio do Povo, o Jornal do Comércio, o noticiário do rádio e da televisão mostram que os acidentes ocorrem nas nossas estradas e rodovias em números assustadores. O Jornal Correio do Povo, edição de domingo, também mostra que os números entre nós aqui não nos deixam tranqüilos, pelo contrário, devem nos preocupar. Mas, ouvindo-se o Governo do Estado, especialmente o Secretário da Segurança Pública, nós ficamos, talvez, ainda mais preocupados, porque aquilo que ele escreve, quando se reporta à administração do trânsito, como ele coloca os fatos que dizem respeito ao trânsito, quer nos dar a imagem de que tudo corre às mil maravilhas no universo do trânsito, quando os números não mostram isso.

Eu insisto porque eu estou vendo que esses abusos, esses excessos, essas inconstitucionalidades que estão registrados na legislação de trânsito, hoje, transparecerão, mais claramente, dentro de breve tempo e, aí, o cidadão vai dar-se conta de que, a despeito de tudo o que há de excessivo dentro do Código, abusivo, de certo modo, e inconstitucional por outros aspectos, não logrou os resultados esperados. Ainda ontem, o Jornal ABC, domingo, deu ouvidos para o Dr. Scarigella, do Instituto Nacional de Segurança de Trânsito. Eu fico estupefato! Como é que um jornal nosso vai dar atenção para esse cidadão, que é o pai da “mercantilização” do trânsito, que é o número um da transformação do trânsito numa mercadoria?

Hoje, por exemplo, o problema do profissional do volante não se manifesta com tanta clareza. O número necessário para atender à demanda não aparece por uma razão muito simples: o desemprego é grande, por isso, correm atrás de uma oportunidade nas empresas de ônibus, nas empresas transportadoras. Não aparece porque não há formação de mão-de-obra especializada para a condução do veículo automotor. Mas quando nós chegarmos - pelo menos no Estado do Rio Grande do Sul, esperamos que ocorra em breve -, a não ter tanta mão-de-obra disponível, aí vai-se manifestar que nós não temos novos motoristas profissionais. E não os temos por uma razão muito simples: eles não têm o dinheiro para pagar o CHC. Antes, a Polícia, aquele DETRAN, eram tão achincalhados, tão humilhados por esse Governo, mas o povo já se está dando conta de que havia interesses maiores por trás. Por isso, falavam mal do antigo DETRAN, pois a “mercantilização”, a venda dos serviços de trânsito como mercadoria estavam por trás. E agora o povo está começando a ver, e vai ver muito mais, porque cada vez mais vai ser mais mercadoria.

Então, Sr. Presidente, faço empenho em levantar essas questões, porque sei que as coisas do trânsito andam mal. Não adianta o Sr. José Eichenberg querer enfeitar, porque vamos ver claramente, em seguida, que as coisas estão mal. E temos que ter claro, na nossa cabeça, porque essas barbaridades e inconstitucionalidades, em relação a Centro de Registro de Veículos, atentam contra um princípio básico, bobo, preliminar, que qualquer estudante de Direito sabe, que é o princípio da separação dos poderes.

Pois no trânsito, o princípio da separação dos poderes não vale nada, não serve para nada, até o Conselho da Magistratura aprova o Centro de Registro de Veículos.

Vejam as preocupações que temos que colocar, quantas questões há. E quem não sabe o valor do DETRAN e seus serviços que olhe para os números, porque estará disponível no País, sobre a inspeção de segurança veicular, estará disponível alguma coisa em torno de um bilhão e quinhentos milhões de reais, que foram carreados para as empresas privadas. E no trânsito tem alguma coisa de interessante: o dono da mercadoria não quer lucrar, quer transferir o lucro para terceiros. Também não entendo, Sr. Presidente. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Clovis Ilgenfritz): Gostaríamos de registrar a presença do Coordenador do GAPLAN da Prefeitura, Sr. Ubiratan de Souza; do Coordenador das Comunicações, Jornalista José Roberto Garcez; recebemos também a visita do Eng.º Jorge de Sá, que trabalhou muitos anos com habitação, com a COHAB, e foi um dos projetistas dos conjuntos da Restinga. É uma satisfação recebê-los.

A Ver.ª Sônia Santos está com a palavra para uma Comunicação de Líder.

 

A SRA. SÔNIA SANTOS: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, mais uma vez retorno à tribuna para falar da situação dos antigos ocupantes do loteamento Timbaúva, hoje, moradores do Jardim Protásio Alves. Na última sexta-feira estivemos no local, constatando a situação daquelas pessoas e detectamos muitas irregularidades, que vão desde o tamanho dos lotes, que são inferiores ao que diz o Plano Diretor vigente, até a constatação de que houve desmatamento em área de preservação de mata nativa. O que mais nos preocupa são as condições com relação ao esgoto e à água; o esgoto corre a céu aberto e a água é fornecida às famílias através de caixas d’água e retirada de lá por baldes, até por crianças, o que pode causar a contaminação daquela água e causar doenças, principalmente nas crianças, que são as mais fracas.

O Ministério Público já foi acionado e, com certeza, em breve se pronunciará, e nós, aqui da Casa, continuamos esperando uma manifestação por parte do DEMHAB ou da Prefeitura, porque acho que no mínimo deve haver esclarecimentos e, mais urgente ainda, providências para que sejam sanadas essas deficiências para que aquelas pessoas possam ter condições de vida melhor. Muito obrigada.

 

(Não revisto pela oradora.)

 

O SR. PRESIDENTE (Luiz Braz): O Ver. Fernando Záchia está com a palavra para uma Comunicação de Líder.

 

O SR. FERNANDO ZÁCHIA: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, com muita alegria falo aqui em meu nome e também no nome do Ver. João Dib, certamente, do Ver. Luiz Braz, de todos nós descendentes que somos de libaneses.

Ontem, dia 22, comemorou-se 53 anos da Independência do Líbano. Em 1913, meus avós paternos, Barbar e Labibe, partiram do Líbano carregando, na pouca bagagem, todos os seus sonhos e esperanças. O desejo de trabalhar e construir um futuro melhor em uma terra nova trouxe o casal para Pelotas e, posteriormente, para Herval do Sul, aqui no Sul do Brasil. Tiveram 9 filhos, criados e educados com muito sacrifício e luta. Meu avô, Barbar, era mascate. Meu pai contava que ele partia na sua carroça com a manhã ainda escura, para visitar um por um dos pequenos comércios da região. A volta era imprevisível, podia demorar dias. Enquanto isso, minha avó, Labibe, desdobrava-se nos seus cuidados com os filhos, sempre preocupada e atenta. À noite, às vezes, muito tarde, chegava meu avô cansado de sua longa jornada, mas feliz por encontrar, naquela casa humilde, o calor da sua família; beijar os filhos que dormiam e descansavam, sonhando sempre com uma vida melhor para todos. Se faltava conforto naquela casa, sobrava dignidade, trabalho e amor.

É com esse espírito lutador e confiante do povo libanês, meu pai, José Alexandre Záchia foi criado. Tinha orgulho de sua ascendência, participando ativamente, sempre comprometido com sua história, sendo inclusive Presidente da Sociedade Libanesa. Todos esses valores humanos passam de geração em geração. Guardo em mim as pequenas lições de vida da minha família, como um sagrado tesouro. Na minha paixão pela política, talvez, esteja um pouco da paixão que meu avô se entregava ao trabalho. Nas minhas viagens por cada canto deste Estado promovendo minhas idéias talvez esteja um pouco das viagens do velho mascate. Do meu idealismo está o exemplo do meu pai, modelo de homem público, como professor e como político.

Nesse 22 de novembro, Dia da Independência do Líbano, queria saudar a todos, que como o meu avô Barbar, sonham com uma sociedade mais justa e com um futuro melhor para seus filhos e para a Nação.

E quero aqui, aproveitando o momento, fazer uma homenagem a todos esses descendentes de libaneses, a todos esse libaneses que fizeram a sua vida no Brasil, quando, durante a semana passada, os fatos políticos nacionais projetavam, mais uma vez, a figura do Senador Pedro Simon, um homem de origem libanesa, um homem que, sem dúvida alguma, passou por toda educação e cultura e, com certeza absoluta, dignificando, cada vez mais, a política gaúcha, a política brasileira. O Senador Pedro Simon, entre tantos exemplos que nós, libaneses e descendentes libaneses, teríamos para dizer obrigado ao Brasil, porque esta terra acolheu os nossos avós, os nossos pais, os nossos filhos, e esta terra fez com que nós pudéssemos desenvolver todo esse amor que temos ao Brasil, e aprendemos a tê-lo com pessoas que vieram do Líbano. Muito obrigado. (Palmas.)

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Eu tenho certeza de que essa manifestação do Ver. Fernando Záchia, que disse se manifestar em nome do Ver. João Dib, em nome deste Presidente e em seu próprio nome, eu acho que isso pode ser transformado em uma manifestação da Casa, porque, afinal de contas, os libaneses que vieram para cá ajudaram na formação do nosso estado do Rio Grande do Sul, e em vários pontos do nosso Brasil os libaneses estão lá fazendo com que realmente haja uma prosperidade muito grande, principalmente, no campo do comércio.

 

O SR. REGINALDO PUJOL (Questão de Ordem): Sr. Presidente, eu me solidarizo integralmente à manifestação de V. Ex.ª, que foi muito feliz ao transformar o pronunciamento do Ver. Luiz Fernando Záchia num pronunciamento do Legislativo, como um todo, dada a relevância do tema por ele abordado, e a justiça dos comentários apropriados feitos por V. Ex.ª, Ver. Luiz Braz.

 

O SR. PRESIDENTE: Muito obrigado, Ver. Reginaldo Pujol. O Ver. Cláudio Sebenelo está com a palavra para uma Comunicação de Líder.

 

O SR. CLÁUDIO SEBENELO: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, esta tarde foi iniciada com uma frase do Ver. João Dib desta Cidade que amarga, muitas vezes, no rigor do verão com a falta de água. Ontem e anteontem, na Vila Safira, durante muito tempo, faltou água. O Diretor do DMAE, Dieter Wartchow, atribui a falta d’água, naquela Vila, à distância para a captação de água, e que já está sendo providenciada, no espaço que intermedia o Guaíba e a Vila Safira, uma estação de bombeamento  Diretor do  DMAE Dieter  de água. Custa-me a acreditar que nesses últimos dez anos o DMAE não tenha resolvido esse problema que aflige também a Lomba do Pinheiro e a Lomba do Sabão - onde moram oitenta mil habitantes - e uma série de outras vilas de Porto Alegre.

Nessa questão de água e de saneamento, volto pela enésima vez e assim o farei enquanto as coisas continuarem como estão, inclusive, com o mesmo material no curso do Arroio Dilúvio, a denunciar a cada Sessão a indiferença da Administração Pública desta Cidade com relação ao Arroio Dilúvio. Agora, os jornais de Porto Alegre já estampam, sendo a terceira ou quarta vez nesta semana, esse assunto do Arroio Dilúvio, dizendo que: “O Departamento de Esgotos Pluviais está realizando várias obras no passeio da Avenida Ipiranga, assim com vai fazendo contenção de encosta ao longo do fedorento riacho. Deve melhorar, mas, até por aí, cedo ou tarde, vai ter-se que achar uma solução. A aventada nos anos 1980, presumindo cobertura com estacionamentos, cancha de esportes, etc, por exemplo. Por enquanto temos ilhas que vão crescendo no leito do riacho. Já dá até para pensar em loteamento dessas ilhas. Um paraíso fiscal nessas ilhas. Cayman que abra o olho. As ilhas de Porto Alegre estão dentro do Arroio Dilúvio.

A indiferença faz com que, cada vez mais, o lixo se amontoe, faz com que não haja drenagem das águas, faz com que haja um verdadeiro caldo de cultura de doenças. As crianças se banham diariamente com este calor, e as doenças começam a grassar em pessoas que usam o Arroio.”

Parece até mentira que, ainda, existem pessoas que usam a água do Arroio Dilúvio.

Por isso, mais uma vez, apelo à Administração Pública de Porto Alegre, ao Departamento de Esgotos Pluviais no sentido de telefonar ao DMLU, uma vez por semana, para que o leito do arroio seja limpo para que haja o mínimo de fiscalização. Quem sabe vai melhorar, um pouco, o aspecto, o mau cheiro e a vergonha que cada um de nós tem de ter na nossa Cidade esse Arroio que a divide em norte e sul; miséria e riqueza, mas, principalmente, vergonha, vergonha, vergonha...

Não vou parar de falar. Toda vez que tiver oportunidade quero mostrar à população da Cidade a indiferença a todos os apelos deste Vereador. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. Reginaldo Pujol está com a palavra em tempo de Liderança.

 

O SR. REGINALDO PUJOL: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, ocupo a tribuna no dia de hoje que se caracteriza por manifestações importantes que a Casa já teve, desde a homenagem ao Dia dos Músicos, especialmente, a manifestação do Ver. Fernando Záchia registrando uma homenagem ao Líbano.

Falo neste momento para que se perpetue nos Anais desta Casa, já que não temos mais a possibilidade do voto de congratulação, um registro que entendo oportuno. Estou referindo-me ao ver Programa de Televisão Gente Urgente que vai ao ar às quintas-feiras, às 19h, e, em reprise, às sextas-feiras, às 16h e nas segundas-feiras, às 11h, no Canal 20, da ANETSUL. Este Programa Gente Urgente se refere a prevenção de Acidentes nas mais diferentes áreas de atividade laboral que privilegia especialmente a prevenção de acidentes no lar, nas escolas, no lazer, na agricultura, nas áreas marítima e portuária, a ecologia e a prevenção de incêndios. Esse é um Programa inédito em todo o território brasileiro. Gente Urgente é produzido e apresentado por um ex-colega nosso, velho conhecido nosso e desta Casa, o Engenheiro e ex-Vereador Martim Aranha Filho um dos pioneiros em nosso Estado e no País na arte de prevenir acidente.

No sábado nós participamos de um Seminário Internacional que registrou os vinte anos das normas técnicas que no Governo de Ernesto Geisel, quando Ministro do Trabalho, O Dr. Arnaldo da Costa Prietto, em boa hora estabeleceu e vem produzindo grandes resultados na medida em que evita que vidas sejam mutiladas e até ocasiona, com freqüência na sua aplicação, que vidas sejam preservadas. Esse Programa cuida, fundamentalmente, desse objetivo de prevenir acidente.

Esse registro se deve não só à importância dos temas abordados, mas também porque o mesmo não tem nenhum recurso público. O apoiamento que lhe é dado provém do patrocínio da iniciativa privada, mais precisamente da Associação Gaúcha de Concessionárias de Rodovias.

Quero deixar nos Anais da Casa esse registro, eis que o Aranha, no seu programa, não se cansa de afirmar que previsão de acidentes é um dever de todos, ainda que eu, pessoalmente, em nenhum momento, escute referência à presença das autoridades governamentais ligadas a essa atividade, a esse objetivo, como patrocinadora ou como interveniente do programa que estou a registrar.

Parabenizo pela abnegação e desprendimento do meu amigo ex-Vereador Martin Aranha Filho, também trazendo a público o nosso aplauso à forma didática com que o assunto é enfocado, produzindo ensinamentos de como prevenir acidentes e de como evitá-los.

Por fim, é natural que eu estenda esse aplauso ao Eng.º André Loiferman, Presidente da Associação Gaúcha de Concessionárias de Rodovias por patrocinar o programa Gente Urgente, que tem as características às quais me referi.

Concluo, esperando que, dentro em breve, possa reafirmar a nossa satisfação, a minha, em especial, por ver continuar no vídeo de nossas emissoras de televisão um programa com esse cunho didático tão necessário, tão útil, tão relevante e tão significativo. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Solicito ao Sr. 1º Secretário que apregoe uma das Emendas que deu entrada ao Projeto do Orçamento.

 

O SR. 1º SECRETÁRIO: Emenda nº 13, de autoria do Ver. Nereu D’Ávila, Líder do PDT, ao PLE nº 035/98. Tem ainda as assinaturas dos Vers. João Dib, Isaac Ainhorn e João Carlos Nedel.

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. Renato Guimarães está com a palavra para uma Comunicação de Líder.

 

O SR. RENATO GUIMARÃES: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, em primeiro lugar, faço o registro de que a Liderança do PTB já trouxe, por duas vezes, à tribuna, o debate da questão habitacional da Região Metropolitana de Porto Alegre. Eu acho interessante que a gente traga um conjunto de outras informações ao debate que esta Casa tem que fazer em relação à área da Protásio Alves e em relação ao quadro habitacional da Grande Porto Alegre.

Todos nós, esta Casa, a CUTHAB, a Ver.ª Sônia Santos, acompanhamos todo o processo dos ocupantes do Timbaúva. Sabemos nós que aqueles cidadãos que estavam no Timbaúva eram pessoas que vinham dos mais diferentes municípios da Região Metropolitana e do interior, e se buscou, a partir deste dado, uma composição com o Governo do Estado, com a Secretaria Metropolitana, no sentido de buscar a saída para resolver o problema do Timbaúva. Aquela área já era uma área que estava arrolada com projetos na Caixa Econômica Federal e havia problema em aqueles cidadãos continuarem lá, ocupando a mesma.

Com a Secretaria - e é bom que se faça o registro, porque não foi só uma questão do Departamento Municipal de Habitação, foi um acordo construído com a Secretaria Estadual da Região Metropolitana - se construiu uma possibilidade de compra de uma área na Av. Protásio Alves e do reassentamento dessas famílias nessa região, em comum interesse, entre as partes - Departamento Municipal e Secretaria do Estado - a partir disso, resolver o problema dos assentados na área. Eram problemas relacionados à questão da urbanização, colocação da infra-estrutura e também da posterior legalização da situação.

O acompanhamento, por parte da CUTHAB, do Ver. Antônio Losada, do Ver. Décio Schauren e dos demais Vereadores desta Casa, tem que ser feito no sentido de se cobrar do DMAE, que tem compromissos em relação ao fato, mas também da estrutura do Estado, que era co-responsável em toda aquela situação porque, como me referi anteriormente, aquela situação, como outras situações envolvendo a questão habitacional em Porto Alegre, eram situações evidentes de problemas da Grande Porto Alegre. Através de um cadastro feito no Timbaúva, verificou-se que grande parte, a grande maioria mesmo, dos ocupantes eram pessoas que andavam vagando na região da Grande Porto Alegre, pessoas de Alvorada, Viamão, Gravataí. Portanto, buscou-se essa solução para aquele momento.

Agora, acredito que tenhamos, como Comissão Permanente da Casa e demais Vereadores que estão interessados no assunto, que buscar continuidade para tentar resolver esse assunto, como também os demais órgãos que são co-responsáveis na questão. Penso que não temos que esperar mudança de governo em nível estadual para levar o assunto adiante. A Comissão da Casa deve, com a máxima urgência, buscar contato com a Secretaria Metropolitana no sentido de responsabilizar, porque lá, naquele momento, essa Secretaria de Estado já havia se responsabilizado também em providenciar verbas no sentido de ajudar aqueles ocupantes da região do Morro Santana.

A Bancada do Partido dos Trabalhadores quer acompanhar de perto, quer buscar soluções. Sabemos da imensa crise que este Governo atual, que, graças a Deus, está se despedindo, gerou no interior e trouxe para a Capital problemas sérios em nível de habitação. Mas temos uma perspectiva de futuro, porque há um novo projeto a partir de 1º de janeiro e vamos tentar resolver esse problema lá no interior e não deixar que o cidadão venha para ficar aqui, batendo de porta em porta, na Região Metropolitana. Mesmo assim, a Bancada, com a CUTHAB, terá que acompanhar e buscar de imediato soluções para isso.

Quero fazer o registro de que esta Casa tem a responsabilidade de acompanhar o sério debate que se faz em nível nacional relacionado à privatização das telecomunicações. Hoje, pela manhã, todos nós fomos informados dos pedidos de demissão dos ministros, dos agentes políticos envolvidos nessa área do Governo Fernando Henrique, mas só isso não deve bastar à sociedade brasileira. Devemos, enquanto parlamento, acompanhar e buscar estarmos informados, pois isso abre uma janela para um processo que todos nós, o Ver. Pedro Américo Leal e outros Vereadores, fizemos a denúncia aqui, de que o modelo de privatização brasileiro era um modelo apressado e usava regras que não são as melhores. Fazemos o registro de que esta Casa é responsável por acompanhar com muita atenção a questão da privatização das telecomunicações. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. Isaac Ainhorn está com a palavra para uma Comunicação de Líder, pela Bancada do PDT.

 

O SR. ISAAC AINHORN: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, em nome da Bancada do PDT queremos registrar, mais uma vez, a nossa repulsa e a nossa tristeza pelo fato que hoje foi registrado na imprensa local em relação ao triste episódio de colocação de uma bandeira com o símbolo da cruz suástica numa cidade próxima a Porto Alegre, na Cidade de Nova Hartz. Queremos registrar, portanto, a nossa tristeza em relação a esse fato e a nossa indignação. Não podemos atribuir a uma mera brincadeira fatos que vêm sendo construídos no curso desses anos.

Notadamente esta Casa, que tem uma posição clara de repulsa a todas as manifestações que revelem sentimentos que dizem com fatos ocorridos na Segunda Guerra Mundial e que revelam o ressurgimento de algumas concepções que dizem com o neonazismo em nosso Estado e nosso País, esta Casa tem um dia de memória em relação às vítimas do holocausto, iniciativa da Bancada do PDT, de origem de um projeto de lei do Ver. Pedro Ruas. Portanto, Sr. Presidente, queremos, neste momento, desta tribuna, afirmar que esta Casa tem uma vertente e uma tradição de vínculos e uma vocação profundamente democrática de repúdio e repulsa a manifestações como essas, isoladas, que surgem, sobretudo, na calada da noite e que revelam uma rearticulação de setores ligados ao neonazismo em nosso Estado.

Infelizmente, temos que comparecer, em algumas oportunidades, à tribuna desta Casa para manifestar o nosso repúdio e a nossa repulsa às manifestações dessa natureza, que surgem no anonimato, na calada da noite, mas que algumas vezes se expressam em fatos semelhantes, como pudemos verificar na Feira do Livro, onde uma banca estava vendendo livros de apologia do nazismo.

Os Vereadores Clovis Ilgenfritz e Henrique Fontana, entendem que esta manifestação de repulsa e repúdio a essa triste episódio ocorrido na Cidade de Nova Hartz não é só da Bancada do PDT, mas, igualmente, da Bancada do Partido dos Trabalhadores desta Casa.

Não podemos, Srs. Vereadores, entender esse fato como um mera brincadeira de mau gosto, mas temos que encarar esses fatos com muita preocupação, de vez que o ressurgimento do neonazismo vem se manifestando em vários pontos do mundo, numa rearticulação orquestrada, ora nos avanços da extrema-direita, na França, na própria Alemanha, em outros pontos da América Latina, e nos Estados Unidos, e aqui, notadamente, quando se propaga e se estimula uma literatura de caráter profundamente neonazista, anti-semita, como aquela que mereceu a repulsa do Poder Judiciário Rio-grandense, quando proibiu a veiculação de um livro que nega o holocausto. São essas mesmas forças, esses segmentos, Sr. Presidente, que infelizmente, num Estado com vocação pluralista e democrática, estão atuando em algumas cidades do nosso Estado.

Portanto, Sr. Presidente, encerramos a nossa manifestação como uma manifestação de repúdio e de indignação da Bancada do PDT, e também da Bancada do PT, como nos foi solicitado, em relação aos fatos que ocorreram de apologia, através da colocação, na calada da noite, de uma bandeira, certamente de setores isolados, mas que procuram se rearticular, colocando aquela bandeira que lembra um momento triste da história da humanidade, e de uma passagem dolorosa para o povo judeu e para todos aqueles povos que foram vítimas das perseguições e violências do nazismo na II Guerra Mundial. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Para um esclarecimento, tem a palavra o Ver. Pedro Américo Leal.

 

O SR. PEDRO AMÉRICO LEAL (Esclarecimento): Não sei se cabe, mas gostaria de dar o meu apoio a este repúdio, porque justamente nessa cidade, Nova Hartz, essa torre fica elevada a mais de dez metros, e foi uma verdadeira façanha colocar a bandeira lá; levou quase meio dia para sair, porque não havia quem tirasse a bandeira lá de cima.

 

O SR. PRESIDENTE: Solicito ao Sr. 1º Secretário que proceda à chamada nominal dos Srs. Vereadores para entrarmos na Ordem do Dia.

 

O Sr. 1º SECRETÁRIO: (Procede à chamada para a Ordem do Dia.)

 

O SR. PRESIDENTE: Havendo quórum, passamos à

 

ORDEM DO DIA

 

A Ver.ª Maria do Rosário solicita Licença para Tratar de Interesses Particulares no dia de hoje.

O Ver. Antonio Hohlfeldt solicita Licença para Tratamento de Saúde no dia de hoje.

 

(Obs.: Foi aprovado Requerimento de licença da Ver.ª Maria do Rosário e apregoado o Requerimento de licença do Ver. Antonio Hohlfeldt, e dada posse aos Suplentes, conforme consta na Ata.)

 

A SRA. SÔNIA SANTOS (Requerimento): Sr. Presidente, requeiro a seguinte ordem de votação: Parecer nº 264/98 (Proc. nº 854/98); PLL nº 123/98;  PLE nº 36/98 e  PLL nº 66/97.

 

O SR. RENATO GUIMARÃES (Requerimento): Sr. Presidente, nosso Requerimento é no mesmo sentido, de criar uma ordem para a votação dos Projetos. Não há discordância entre os três primeiros Projetos, só a respeito da sua ordem é que não conseguimos chegar a um consenso. Propomos, em primeiro lugar, o PLE nº 36/98, em segundo lugar, o Parecer nº 264/98 e, em terceiro lugar, o  PLL nº 123/98.

 

O SR. PRESIDENTE: Em votação o Requerimento de autoria da Ver.ª Sônia Santos. O Ver. Renato Guimarães está com a palavra para encaminhar.

 

O SR. RENATO GUIMARÃES: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, é interessante que se registre que o conjunto das Bancadas vem buscando, nas últimas dez Sessões Ordinárias, acordos em relação a Projetos que tenham prioridade na votação nesta Casa. Um dos critérios usados nessa ordem é estabelecer prioridade para projetos que não tenham grandes divergências e que se possa estabelecer uma ordem de votação, buscando o consenso através do debate. Temos obtido sucesso nas últimas Sessões. Nas três últimas Sessões nós fizemos uma “limpa”, conseguimos votar mais ou menos uns vinte projetos.

O nosso Requerimento, no dia de hoje, é com essa mesma intenção de colocar, em primeiro lugar, o Projeto do DMAE. O conjunto de Bancadas registra que é um Projeto que tem somente uma Emenda. É um Projeto de fácil debate e de fácil aprovação pelo Plenário.

E o segundo é um Projeto trata de um parecer ao Projeto dos Luminosos dos Táxis. É um Projeto polêmico e esta Casa vai ter que debater de forma mais profunda.

No nosso entendimento, é só uma visão de como tocar os trabalhos. Nós estamos fazendo reuniões extraordinárias para agilizar as votações do Orçamento. Hoje estamos tendo a oportunidade de votar parte do Orçamento, que é o do DMAE. Nós estamos abrindo mão dessa oportunidade para entrar num debate que não sabemos até que ponto irá, se vai inviabilizar ou não a ordem dos trabalhos no dia de hoje.

Portanto, encaminho pedindo a compreensão do conjunto das Bancadas para abrirmos com a discussão do DMAE. Repito, é um projeto que não é polêmico e que pode ser votado só com o simples encaminhamento e, a partir daí, entramos nos mais problemáticos para fazermos uma discussão profunda. Dessa maneira, agilizaremos os trabalhos, no dia de hoje, e começaremos a votar coisas importantes para a Cidade de Porto Alegre, que são os Orçamentos dos Departamentos que, por sinal, entram, sim, nos debates polêmicos que a Casa tem que fazer.

Um seria esse Parecer dos Luminosos de Táxis. Portanto, é por isso que pedimos ao conjunto das Bancadas: que estabeleça essa ordem que nós apresentamos, que não é uma ordem só nossa, nós consultamos o PSB, consultamos Vereadores do PDT, enfim, consultamos diversos Vereadores e há um entendimento no sentido de que essa é a melhor ordem, porque não foi uma ordem nossa, foi apresentada pelo Ver. Elói Guimarães e que nós assumimos como uma ordem da nossa Bancada para facilitar os trabalhos no dia de hoje. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. Reginaldo Pujol está com a palavra para encaminhar.

 

O SR. REGINALDO PUJOL: Sr. Presidente e Sr. Vereadores, nós temos discutido a ordem dos três primeiros projetos que serão votados na tarde de hoje. O quarto Projeto, que não está sendo discutido, é um Projeto de minha autoria e que faz dois anos que está tramitando e que será votado em quarto lugar. Eu pedi a Ver.ª Sônia Santos, quando elaborou as tratativas, que desse prioridade, porque é um assunto da maior atualidade, que diz respeito à ação dos grafiteiros, à ação dos predadores do patrimônio público, que é a venda do spray no Município de Porto Alegre e a sua utilização.

Eu me conformei com esse fato, porque foi-me colocado, com muita propriedade, que os três assuntos que estavam sendo cogitados envolviam circunstâncias que não poderiam ser desconsideradas por nós. Primeiro, esse Parecer é um assunto que vem de longa data e nós precisamos definir essa situação, até porque está trancando o andamento do processo e existem muitos interessados que estão, permanentemente, conosco.

O segundo Projeto é uma homenagem que nós fizemos a um colega nosso, que hoje está no exercício e que tem até mesmo o direito de ver apreciado pela Casa, num dia em que ele está aqui presente, um dos seus primeiros Projetos que, por sinal, é um excelente Projeto.

Então, logo a seguir, antes do nosso Projeto de Lei, vem a votação do Projeto que pretende, na outra ordem proposta pelo Ver. Renato Guimarães, ser colocado em primeiro lugar. Eu não vejo, Sr. Presidente, nenhum prejuízo em aprovar a proposição sugerida pela Ver.ª Sônia Santos, com a ordem por ela estabelecida. Se alguém tivesse alguma razão para vir a essa tribuna reclamar seríamos nós, que tínhamos pedido que o nosso projeto fosse priorizado depois de toda hibernação que ele teve, com o que concordamos dentro do consenso da Casa, de que era relevante decidirmos essa matéria de uma vez por todas, esse assunto da presença ficta que está trancando o andamento de um projeto que já deveria ter sido apreciado por nós há mais tempo. Segundo, homenageando o companheiro do Partido do Movimento Democrático Brasileiro, que hoje nos dá, mais uma vez, a satisfação de tê-lo presente no Plenário e, logo em seguida, desembocando para o processo do DMAE.

Tem razão o Ver. Paulo Brum quando diz o seguinte: “houvéssemos, nós,  já aprovado essa ordem proposta pela Vera. Sônia Santos, muito provavelmente já estivéssemos ingressando agora na votação do Projeto do DMAE.”, que é o desejo do Ver. Renato Guimarães e de seus companheiros de bancada. Por isso, cesso dizendo que vou votar, estabelecendo a ordem proposta pela Ver.ª Sônia Santos e votar logo esse projeto, como é o desejo de todos. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Juarez Pinheiro): O Ver. Luiz Braz está com a palavra para encaminhar.

 

O SR. LUIZ BRAZ: Ver. Juarez Pinheiro no exercício da Presidência, Srs. Vereadores e Sr.as Vereadoras, imaginem que nós não aprovemos, Ver. Pedro Américo Leal, a ordem estabelecida pela Ver.ª Sônia Santos para que iniciemos o processo de votação aqui na Casa. Imaginem que não aprovemos este Requerimento e que o primeiro processo que será votado tenha o mesmo vício daquele processo do final do primeiro semestre deste ano, em que uma matéria foi aprovada por dezesseis Vereadores do Plenário.

Imaginem os Senhores que isso aconteça, e poderá acontecer, de estarmos não com um processo para ser analisado, mas com dois processos, em virtude de uma interpretação que foi dada ao Regimento Interno da época. Então, o que eu estou solicitando é que seja aprovada esta ordem estabelecida pela Ver.ª Sônia Santos para que possamos votar as matérias e que possam ser aprovadas por este Plenário para que, em primeiro lugar, resolvamos este problema que está relacionado com o comportamento deste Plenário na hora de aprovar ou rejeitar matérias.

Será que este Plenário, ao analisar o parecer vitorioso na Comissão de Justiça, exarado pelo Ver. Reginaldo Pujol, vai convalidá-lo e vai continuar votando como sempre votou em toda a sua história, de modo que a maioria absoluta seja respeitada por aqueles Vereadores que se encontram no Plenário na hora da votação?

Ver. Pedro Américo Leal, a passar a tese da presença ficta, um Vereador poderá deixar o seu casaco numa cadeira e dizer: “Eu não estava presente, mas o meu casaco estava”. Se vai valer a intenção do Vereador, se ele poderá pedir a verificação de votação não tendo estado presente na hora da votação, passará a valer qualquer coisa.

Eu penso que, em primeiro lugar, este Plenário tem obrigação de resolver a respeito dessa questão, tem de verificar o que o parecer do Ver. Reginaldo Pujol tem de verdade - para mim, o parecer do Ver. Reginaldo Pujol, que foi aprovado na Comissão de Justiça, está absolutamente correto - para, depois, passar a analisar os outros processos. Poderá acontecer com os outros processos o mesmo que aconteceu com o processo do luminoso nos táxis. Nós temos que evitar isso!

Eu acredito que a ordem estabelecida pela Ver.ª Sônia Santos é a melhor para este Plenário. É uma ordem lógica. Primeiro vamos resolver a divergência que nós temos com relação ao quórum, ou com relação à tese que foi levantada, da presença ficta; depois vamos passar a analisar os processos, que serão votados de acordo com o que este Plenário decidir a respeito do que é a presença do Vereador no Plenário: se o Vereador, para votar, tem que estar no Plenário, ou não. Se o Plenário entender que o Vereador, para votar, não precisa estar aqui, que vai contar a presença dele assim mesmo, vai virar bagunça. De qualquer modo, eu não posso fazer essa análise antes que nós procedamos a esta votação, mas esta ordem que está sendo estabelecida pela Ver.ª Sônia é uma ordem lógica de votação.

Eu solicito à Bancada petista que faça uma reanálise desse assunto. Vamos, primeiramente, acabar com esta divergência, votar o que o Plenário entenda por essa presença e o que é na verdade o voto do Vereador. E, depois, passaremos a analisar os outros processos de acordo com o entendimento do Plenário, que pode convalidar ou não o parecer dado pela Comissão de Justiça que é de autoria do Ver. Reginaldo Pujol. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Luiz Braz): Com a palavra o Ver. Sebastião Melo para encaminhar pelo PMDB.

 

O SR. SEBASTIÃO MELO: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, venho a esta tribuna para me somar à Liderança do PTB, ao Requerimento feito pela Ver.ª Sônia Santos, no sentido de que possamos votar o projeto com o parecer muito bem colocado sobre a necessidade pelo Presidente da Casa.

Em segundo lugar, quero fazer um apelo aos líderes do PT, no sentido de que possamos votar este projeto, entre tantos projetos que consideramos importantes e que, ao longo do tempo, têm passado por esta Casa, este projeto de minha autoria visa buscar informações sobre a execução do Orçamento da Prefeitura de Porto Alegre, matéria cobrada reiteradas vezes, aqui, nesta Casa. Tenho certeza que a bancada governista não tem por que se opor, porque este projeto visa dar condições de trabalho aos Srs. Vereadores que votam o Orçamento do Município, seja do ponto de vista da Administração Direta, ou Indireta, ou do próprio acompanhamento da dívida pública do Município, para que os Srs. Vereadores possam, a partir da aprovação deste projeto, dispor através de teleprocessamento, dentro de seus gabinetes, da execução orçamentária do Município de Porto Alegre, que é no meu entendimento, é tão importante quanto o próprio Orçamento, porque muitas vezes vota-se numa direção e quando passa janeiro, fevereiro, março e abril vemos que “as abóboras caíram da carreta” e as coisas não foram executadas, conforme a votação do Orçamento.

Quero dizer aos zelosos Vereadores que este não é um Projeto ideológico; é um Projeto que trata de melhor dotar o trabalho do Vereador, que é o representante da população de Porto Alegre, tanto às Bancadas de oposição, como à Bancada do Governo, que é um projeto que pode ser aperfeiçoado, mas fica difícil votar contra o Projeto, porque ele está indo contra o discurso, na prática, pois no discurso é a favor da transparência, fala da abertura do Orçamento, diz que a população pode participar, mas, na prática, parece que, mais uma vez, não querem abrir a “caixa preta” do Orçamento.

Há muitos projetos importantes nesta Casa, mas acho que o Parecer encaminhado pelo Sr. Presidente, que trata da questão que diz respeito ao dia-a-dia da votação da Casa, parece-me muito importante. Porém, entre os projetos que estão na Pauta para discussão, desculpem-me, mas o Projeto da Execução Orçamentária é de extrema importância para a transparência da Administração Pública.

Com esse Projeto a Prefeitura não estará fazendo nada mais do que a sua obrigação e já deveria ter feito isso desde o início de sua gestão, mas nunca quiseram fazer, e sempre dizem que vão mandar explicações, mas na verdade vão “cozinhando” e as coisas não vão acontecendo.

Agora é a hora da verdade! Então, venham e digam ao Plenário que não querem que os Vereadores acompanhem o Orçamento. Venham e digam! Senão, deve haver alguma coisa que não sabemos e que não querem mostrar.

Sr. Presidente e Srs. Vereadores, faço um apelo para que nós aprovemos o Requerimento feito pela Ver.ª Sônia Santos. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Juarez Pinheiro): Requerimento de autoria da Vera. Sônia Santos, que coloca como ordem de apreciação das matérias na Ordem do Dia, o Parecer nº 264/98, o PLL nº 123/98, o PLE nº 036/98 e o PLL nº 066/97. O Ver. Renato Guimarães, posteriormente, emendou seu Requerimento.

Em votação o Requerimento da Ver.ª Sônia Santos. (Após a chamada nominal.) 14 Votos SIM, 13 votos NÃO.  APROVADO o Requerimento. Portanto fica prejudicado o Requerimento do Ver. Renato  Guimarães.

 

O SR. PRESIDENTE: Solicitamos à Diretoria Legislativa que nos passe os Processos, segundo a ordem aprovada. Como este Vereador, mesmo não sendo o propositor da matéria, foi o propositor do Requerimento para análise da Comissão de Constituição e Justiça, por uma questão de ordem ética, passarei a direção dos trabalhos ao Ver. Clovis Ilgenfritz, 1º Vice-Presidente.

 

VOTAÇÃO

 

(05 minutos)

 

PROC. 0854/98 – PARECER Nº 264/98,  de autoria da Comissão de Constituição e Justiça, à Questão de Ordem formulada pelo Ver. Juarez Pinheiro quanto à declaração, pelo Senhor Presidente deste Legislativo, de nulidade da votação do Projeto de Lei do Legislativo nº 028/98 (permite a utilização de painel luminoso com finalidade publicitária nos táxis do Município de Porto Alegre), realizada na Sessão Ordinária de 30.06.98.

 

Relator Ver. Reginaldo Pujol: conclusões:

“... Entendemos que o requerimento contestatório da decisão do Presidente da Casa não apresenta elementos palpáveis que demonstre ter sido uma decisão atropelada ou divorciada dos acontecimentos de Plenário.

Assim, opinamos pelo não-acolhimento do recurso, que implica a validade da decisão de anulação da votação...”.

 

Observação:

- votação nos termos do art. 194, § 2º, do Regimento da CMPA.

 

O SR. PRESIDENTE (Clovis Ilgenfritz): Em votação o Proc. 0854/98 - Parecer nº 264/98, de autoria da Comissão de Constituição e Justiça, à Questão de Ordem formulada pelo Ver. Juarez Pinheiro.

O Ver. Juarez Pinheiro está com a palavra para encaminhar.

 

O SR. JUAREZ PINHEIRO: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, estamos abordando um assunto de grande importância e de repercussão, não só na matéria apreciada, mas também em casos futuros. Vou-me permitir relembrar do ocorrido. Após uma votação simbólica, em que foi considerado aprovado o Projeto, o Ver. Isaac Ainhorn que alegou não estar no Plenário, adentrou no Plenário e solicitou verificação de votação que lhe foi deferida e houve votação, onde, no que tange aos votos, foram constatadas as presenças de quinze Srs. Vereadores e mais o Presidente. Eu faço apenas um relato no sentido de precisar a matéria.

O Ver. Elói Guimarães, naquela tarde, proferiu - e busco aqui nas notas taquigráficas - palavras de quem preside a Comissão de Constituição e Justiça. Passo a ler o que disse o Ver. Elói Guimarães naquela Sessão. “Sr. Presidente, trata-se de uma manobra sórdida, ilegal e antijurídica, porque, quando se pede verificação de votação pressupõe-se, e nem poderia ser diferente, que ele está constituindo quórum. Não podemos, Sr. Presidente, entrar nesse jogo. Considero que existe o quórum de dezessete votos, porque, do contrário, estaríamos aqui fazendo o jogo da fraude e do mau-caratismo. Isso não pode acontecer nesta Casa, isso depõe contra as tradições desta Casa, isso não existe. A matéria foi votada, foi aprovada, aí ingressam com uma verificação de votação que foi concedida, porque estava presente o seu autor. Logo, para que resulte o efeito, esse requerente tem que ser considerado presente, sob pena de consagrarmos a fraude, expediente sórdido que depõe contra as tradições desta Casa”.

Inicio a minha intervenção, lendo as palavras do Ver. Elói Guimarães, e lembrando do que diz Eros Graus, um dos maiores Constitucionalistas da atualidade neste País. Segundo ele, o tipo de interpretação em que apanhamos apenas um vocábulo, ou seja, uma interpretação literal, é chamada interpretação em tiras, uma interpretação imperfeita, limitada, que não apanha a finalidade precípua de determinado instituto, artigo ou disposição jurídica. A interpretação literal é a menos significativa. Se pegarmos uma expressão isoladamente para apreciar, poderemos estar indo contra o próprio sistema da qual ela faz parte.

Senhores Vereadores, eu solicitaria vênia: quem possua, em suas bancadas, o Regimento Interno e a Lei Orgânica, que as apanhem, porque a matéria merece essa consideração.

Diz o artigo 82, da Lei Orgânica:

“A Câmara Municipal deliberará pela maioria dos votos, presentes a maioria absoluta dos Vereadores, salvo as instruções previstas nesta Lei Orgânica.”

“A Câmara Municipal deliberará pela maioria dos votos, presente a maioria absoluta dos Vereadores”. O que a Lei Orgânica está a dizer não é que tenhamos dezessete votos, o que ela está a dizer é que, para que uma matéria seja apreciada, precisam estar presentes, no mínimo, dezessete Vereadores.

Apanhemos agora o Regimento Interno, art. 177, que diz:

“ Nenhum Vereador poderá escusar-se de votar, sob pena de ser considerado ausente, salvo se fizer declaração prévia de estar impedido, ou, nas votações, declarar que se abstém de votar.”

Parágrafo Único: “Após a votação, o Vereador poderá encaminhar à Mesa, por escrito, declaração de voto”.

Vamos ao âmago da questão. O que aconteceu? Temos que decidir se o Ver. Isaac Ainhorn estava ou não estava presente. Se considerarmos que o Ver. Isaac Ainhorn fez uma Questão de Ordem e pediu verificação de quórum, significa que ele estava presente, ou não? A votação se compõe de elementos nucleares fundamentais, ou seja, a votação simbólica e a votação nominal. Se o Vereador fez um pedido de verificação de quórum, ele estava presente.

Vamos para o outro raciocínio, que é o do art. 177. Ele diz que quem não votar estará ausente. Então, ou o Ver. Isaac Ainhorn estava presente, pediu verificação de quórum e está contemplando o art. 82 da Lei Orgânica, que diz que tem que ter a maioria dos Vereadores presentes, ou, quem está ausente, não pode pedir verificação de quórum. Como é que o ausente vai pedir verificação de quórum? Portanto, a solicitação de verificação de quórum, se este for o raciocínio, é absolutamente nula.

Por fim, quero dizer que laborou em equívoco o grande jurista desta Casa, o Ver. Reginaldo Pujol, e eu não tenho dúvidas de que nós temos que analisar com muita cautela este dispositivo, porque, ou ele estava presente ou não estava, se não estava, não podia pedir verificação de quórum. Pena que o tempo não permita que eu me estenda mais, para esclarecer os Srs. Vereadores. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. João Dib está com a palavra, para encaminhar.

 

O SR. JOÃO DIB: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, tenho 27 anos de Câmara Municipal, nunca pertenci à Mesa Diretora, nunca presidi uma Comissão Permanente da Casa e nem fui o seu Vice-Presidente. Agora, sou um Vereador atento e entendo que, na simplicidade, é mais fácil de encontrar a verdade.

No dia da votação, eu estava fora do Plenário e contei 16 votos, 16 Vereadores no Plenário. O Ver. Isaac Ainhorn estava fora do Plenário e entrou para pedir verificação de votação, que é um direito seu. Tudo isso não tem nenhum interesse, até aquela leitura, feita aqui, da declaração violenta do meu amigo querido, Presidente da Comissão de Justiça, coisa do momento, agredindo até um companheiro seu de Bancada. É o calor! Mas, tudo fica simples quando o artigo 177 do Regimento, trazido à colação, como diriam os juristas pelo nobre jurista Juarez Pinheiro, diz: “Todo o Vereador é obrigado a votar, não podendo se escusar, sob pena de ser considerado ausente”. Não há mais nada para discutir porque dois mais dois são quatro. O Ver. Isaac Ainhorn não votou, estava ausente, então só estavam presentes 16 Vereadores em Plenário. Não há o que discutir.

Estamos criando problema quando é claro: o Vereador votou? Não, não votou. Então, estava ausente. Não pode ser considerado como quórum. O fato de ele ter pedido verificação de votação, é um direito que tinha porque verificou que só estavam presentes 16 Vereadores em Plenário e entrou no Plenário para isso. Se ele não entrasse, eu teria entrado e também não votei. Na verdade, o art. 177 do Regimento esclarece todas as dúvidas: “Vereador escusando-se a votar é considerado ausente”. O Ver. Isaac Ainhorn não votou, estava ausente. Saúde e paz. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. Reginaldo Pujol está com a palavra para encaminhar, como Relator.

 

O SR. REGINALDO PUJOL: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, ao receber este processo, tive a maior cautela em exarar o parecer que está sendo, agora, submetido ao Plenário e que logrou ser aprovado, por escassa maioria, na Comissão de Constituição e Justiça. O parecer se louva, fundamentalmente, em um órgão isento da Casa que é a nossa Procuradoria que, ao nosso entendimento, foi muito clara, muito precisa, muito correta e muito objetiva na sua manifestação que, pela sua importância, quero lê-la. Diz a nossa Procuradoria, após os considerandos iniciais.

(Lê o Parecer da Procuradoria da Casa – fls. 142 e 143 do PLL nº 028/98.)

“Vem a esta Procuradoria, de ordem do  Sr. Presidente, para análise da jurisprudência dos procedimentos relativos à votação, em 30.06.98, do Proc. nº 854/98. Projeto de Lei do Legislativo nº 28/98, em 30.06.98, conforme histórico de fls. 117 a 118 e tradução do apanhado taquigráfico em anexo.

O PLL nº 28/92 permite a utilização de painel luminoso com finalidade publicitária nos táxis de Porto Alegre.

Verifica-se, através da análise do histórico de votação da matéria e dos apanhados taquigráficos,  que existe um descompasso na votação do Substitutivo nº 1.

O Regimento da Casa prevê a verificação de votação no caso específico da votação simbólica, nos termos do art. 175.

‘Art. 175 - Na votação simbólica, o Presidente, ao anunciá-la, convidará a permanecerem sentados os Vereadores favoráveis à proposição.

Parágrafo único - Poderá ser realizada verificação de votação, a requerimento de Vereador para votação simbólica’

O quórum para votação é estabelecido no art. 172 do Regimento:

‘Art. 172 - A votação será realizada com a presença da maioria absoluta dos Vereadores.

Parágrafo único - A votação será continua e só em casos excepcionais, a critério do Presidente,  poderá ser interrompida.’

Verifica-se, portanto, que não havia quórum durante a verificação de votação do Substitutivo nº 1, tendo em vista que votaram quinze Vereadores, além do Presidente (cf. fls., 135 dos autos), quando seria necessária a presença de dezessete Vereadores (quórum mínimo para votação nos termos do art. 172).

Pelo exposto, entendo, s.m.j. que houve uma falha formal na votação do PLL nº 28/98, em virtude da inexistência da presença da maioria absoluta dos Vereadores, quando da votação do Substitutivo nº 1.”

Como diz o nosso destacado e experiente Ver. João Dib, as coisas quando podem ser resolvidas na sua simplicidade não merecem ser complicadas, e estamos aqui, por mais que se conheça o clima em que ocorreram esses fatos, numa situação muito simples: um órgão isento - a Procuradoria da Casa - disse que não havia quórum. Se não havia quórum, a decisão do Sr. Presidente de anular a votação está absolutamente correta, porque um ato nulo não pode produzir efeitos, além do que já produziu.

É por isso, Sr. Presidente, que o nosso parecer concluiu, em consonância com a Procuradoria, para sustentar pelo não acolhimento do recurso que implica a validade da decisão da anulação da votação do Substitutivo nº 1. Não cabe reparos à decisão do Sr. Presidente, ela foi tomada absolutamente dentro do Regimento. E os aspectos materiais que envolvem o problema, se houve um ato ético ou não-ético por parte deste ou daquele Vereador da Casa, não me cabe, e não cabe a nós, perquirir. Deferida a verificação de votação, foi constatado o número de 16 Vereadores presentes, entre eles o Presidente, o que implica a inexistência de quórum. Toda vez que estivermos numa situação dessas, malgrado alguns poderes ficarem em desacordo, mesmo admitindo que possa ter havido alguma artimanha parlamentar nesse ato, isso não pode surpreender numa Casa Legislativa, nós teremos que, forçosamente, ficar com essa realidade. Absurdo seria, Sr. Presidente, por razões quaisquer, até alguma poderia ser relevante, muitas até legítimas, nós consagrarmos com absoluta ilegalidade para garantir essa razão legitimada, que é ocorrer uma votação e ser proclamado um resultado, quando não se tinha, na Casa, no momento em que ela ocorreu, quórum necessário para essa votação. É só por isso, Sr. Presidente, que ousamos vir à tribuna dizer que o nosso Parecer não podia seguir outro caminho senão aquele que seguiu. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Não havendo mais inscritos para encaminhar, solicito que o Ver. Paulo Brum assuma a Presidência, uma vez que este Vereador se sente impedido, motivo por que, quando aconteceu esse fato, este Vice-Presidente estava presidindo.

 

(O Ver. Paulo Brum assume a Presidência.)

 

O SR. REGINALDO PUJOL (Questão de Ordem): Respeitada a posição do Ver. Clovis Ilgenfritz, saliento a V. Ex.ª que, diante das circunstâncias de que ele tenha conduzido todo o processo de discussão e encaminhamento da matéria, da mesma forma que o Presidente, que não conduziu os trabalhos, ele está impedido de votar.

 

O SR. PRESIDENTE (Paulo Brum): Segundo informação da nossa Diretoria Legislativa, o Vereador não está impedido de votar.

 

O SR. REGINALDO PUJOL: Inconformado com a decisão dada, protesto para, em tempo hábil, lançar a impugnação correspondente, se tal for necessário.

 

O SR. CLÁUDIO SEBENELO (Questão de Ordem): O mesmo motivo que o impede de presidir a Sessão, o impedirá, por uma questão ética, de votar. Acho que é o fulcro da questão que levanta o Ver. Clovis Ilgenfritz.

 

O SR. JUAREZ PINHEIRO (Questão de Ordem): Sr. Presidente, quero chamar a atenção de que este Vereador deixou de presidir a Sessão porque foi o autor da Questão de Ordem que foi apreciada pela Comissão de Constituição e Justiça e, por isso, mesmo não sendo propositor da matéria, do projeto de lei que originou a Questão de Ordem, achei por bem me afastar da direção dos trabalhos.

O Ver. Clovis Ilgenfritz não tem, Sr. Presidente, nenhuma vinculação com essa matéria. O autor do projeto de lei é um Vereador que não o Ver. Clovis Ilgenfritz. O Ver. Clovis Ilgenfritz não fez nenhuma Questão de Ordem. Como este 1º Secretário declinou, por motivo de ordem ética, de permanecer na direção dos trabalhos, passei-a para o 1º Vice-Presidente da Casa.

Os únicos que estão impedidos de votar esta matéria são: o Vereador que estiver na presidência dos trabalhos e o Presidente da Casa, não reassumindo a direção dos trabalhos.

 

O SR. PRESIDENTE: Informo ao Plenário que vou suspender os trabalhos por cinco minutos para chegarmos a um acordo. Estão suspensos os trabalhos.

 

(Suspendem-se os trabalhos às 17h40min.)

 

O SR. PRESIDENTE (Paulo Brum – às 17h46min): Estão reabertos os trabalhos. Conforme deliberação, ficou definido que o Ver. Clovis Ilgenfritz, na qualidade de Vice-Presidente da Casa, está impedido, também, de proferir o seu voto porque ele está substituindo o Vereador-Presidente Luiz Braz. 

 

O SR. REGINALDO PUJOL (Questão de Ordem): Sr. Presidente, o Presidente da Casa encontra-se impedido de votar, na medida em que o que se discute é um Parecer que é de uma decisão sua, correto? Na ausência do Presidente, cabe ser ele substituído pelo seu 1º Vice-Presidente que não quer assumir a 1ª Vice-Presidência. É isso?

 

O SR. PRESIDENTE: Nós já informamos, Vereador, que o Ver. Clovis Ilgenfritz não votará a matéria. Ele está impedido de proferir o seu voto.

 

O SR. REGINALDO PUJOL: Há dúvidas, Sr. Presidente.

 

O SR. PRESIDENTE: É a decisão que passaram a esta Presidência.

 

O SR. REGINALDO PUJOL: Sim, mas o Vereador, aqui presente, diz que não, que quer Presidir.

 

O SR. PRESIDENTE: Está decidido, ou ele assume a Presidência, ou ele não votará.

 

O SR. REGINALDO PUJOL: Declarado impedido o 1º Vice-Presidente, deve assumir o 2º Vice-Presidente; ausente o 2º Vice-Presidente, deve assumir o 1º Secretário.

 

O SR. PRESIDENTE: O 1º Secretário está impedido de assumir a Presidência porque foi o Vereador autor da Questão de Ordem ...

 

O SR. REGINALDO PUJOL: Não é mais a Questão de Ordem que se discute. O que se discute é o Parecer por nós prolatado.

 

O SR. CLOVIS ILGENFRITZ (Questão de Ordem): Sr. Presidente, eu recorro da decisão que alguns Vereadores tomaram, porque me sinto impedido por questão ética, não porque eu não possa votar. Eu não posso estar presidindo uma questão que aconteceu no dia em que eu estava presidindo os trabalhos e o Presidente, intempestivamente, anulou o ato presidido por mim. Então eu não posso presidir agora que estão votando.

 

O SR. PRESIDENTE (Paulo Brum): Vereador Clovis Ilgenfritz, com certeza cabe recurso de V. Ex.ª. Só que a determinação desta Presidência, neste momento, é de que nós vamos colocar em votação e que V. Ex.ª está impedido de proferir o seu voto.

 

O SR. CLOVIS ILGENFRITZ: Sr. Presidente, com todo o respeito, eu estou requerendo um Parecer sobre isso, mesmo sem nenhum problema de suspensão, sem efeito suspensivo. Eu preciso saber por que eu não vou votar.

 

O SR. PRESIDENTE: Ver. Clovis Ilgenfritz, nós vamos conceder a palavra ao 1º Secretário, que vai detalhar o motivo.

 

O SR. CLOVIS ILGENFRITZ: Não é preciso, Sr. Presidente. O que eu preciso dizer é que sem efeito suspensivo dessa votação, dobro-me às decisões de V. Ex.ª que está na Mesa. Só quero requerer a V. Ex.ª um Parecer sobre as razões por que este Vereador não poderá votar. E esse Parecer poderá vir no tempo oportuno.

 

O SR. CLÁUDIO SEBENELO: Sr. Presidente, a razão me parece bem mais simples do que se pensa. Isto é, a razão ética que existia para que o Ver. Clovis Ilgenfritz não presidisse a Sessão é a mesma. Mudado apenas o local da Mesa para o Plenário, a razão ética continua. Eu acho que ele não deve votar.

 

O SR. PRESIDENTE: Já chegamos a uma decisão. Esta Presidência vai colocar em votação, já está definido. O Ver. Clovis Ilgenfritz vai ser informado.

 

O SR. DÉCIO SCHAUREN (Questão de Ordem): Sr. Presidente, na verdade, o Ver. Clovis Ilgenfritz foi questionado sobre a forma ou sobre a atitude que adotou quando presidiu os trabalhos e quando foi votada essa questão anteriormente. Na verdade, ele não está presidindo por isso; ele pediu para não presidir. Agora, eu pergunto a V. Ex.ª onde está no Regimento que o Ver. Clovis Ilgenfritz, sendo Vice-Presidente, não pode votar? Isso não existe!

 

O SR. PRESIDENTE (Paulo Brum): O Ver. Clovis Ilgenfritz vai ser informado.

Em votação o Parecer nº 264/98. O Ver. Elói Guimarães está com a palavra para encaminhar.

 

O SR. ELÓI GUIMARÃES: Sr. Presidente e Srs. Vereadores. Quero agradecer ao Ver. Nereu D’Ávila a oportunidade que dá a este Vereador para tratar a matéria que já foi bem desenvolvida, aqui na tribuna, pelos Vereadores que me antecederam. Mas, há duas ordens aqui de discussão. Uma de ordem oral, que são informações que eu ouvi do Ver. João Dib que tinha ou que não tinha o quórum, mas, em matéria de procedimento o que vale é o processo, são as informações registradas no processo.

Se nós examinarmos o processo vamos ver que existia, efetivamente, o quórum e que o Ver. Isaac Ainhorn, numa manobra regimental, é bem verdade, porque isso faz parte desse manejo de Plenário, entrou e saiu imediatamente do Plenário. Mas, vejam bem, se não tinha quórum, como poderia se lhe dar o direito que reclamava, ou seja, da verificação? Então, a preliminar, a premissa é absolutamente indiscutível, de que para pedir a verificação de quórum se fazia necessária existir o quórum. É o óbvio. Isso se dá pela constatação, pela análise que se possa fazer e que se faz do presente processo. Então, não tenho dúvidas da lisura do ato quanto a regularidade, embora natural - no Plenário haja todo um debate, toda uma movimentação.

Então, o processo é regular, e neste sentido estamos encaminhando, com as ressalvas já feitas - e o Ver. Nereu D’Ávila tem entendimento diferente - estamos encaminhando contrariamente ao parecer da lavra brilhante do Ver. Reginaldo Pujol, porque o processo se deu dentro das regularidades e formalidades que se impunham para esta matéria. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Registramos as presenças dos Vereadores Osvaldo Severo e Anita Costa Beber, ambos do PPB de Santa Maria. Sejam bem-vindos a esta Casa.

Pelo PSDB encaminha o Parecer nº 264/98,  o Ver. Cláudio Sebenelo.

 

O SR. CLÁUDIO SEBENELO: Sr. Presidente e Srs. Vereadores,  os três pontos nucleares, fulcrais da questão são, indiscutivelmente, a questão de haver ou não quórum - e agora foi dito que havia idéia contra o parecer do Ver. Reginaldo Pujol - e o Vereador pode pedir verificação de quórum, não responder à chamada, pode sair do Plenário e não dar quórum. Não há nenhum problema. Segundo: a mesma questão ética pela qual o Ver. Clovis Ilgenfritz se declarou impedido de presidir e interferir numa decisão do Plenário que, se empatada, ele teria o direito ao voto de Minerva. Justamente para não votar, ele se declara impedido. Saindo da Mesa e indo para o Plenário, ele continua com o mesmo impedimento ético.

Gostaria que o público conhecesse o art. 177: “Nenhum Vereador pode escusar-se de votar, sob pena de ser considerado ausente, salvo se fizer declaração prévia de estar impedido ou nas votações se abstiver de votar. Após a votação, o Vereador poderá enviar à Mesa, por escrito, a Declaração de Voto que será lida e integrará o processo”.

O caso do Ver. Clovis Ilgenfritz, salvo se fizer declaração prévia de que estava impedido de votar, está no art. 177. O Ver. Clovis Ilgenfritz, oralmente, chegou ao microfone desta Casa e disse que se declarava impedido de presidir a Sessão, porque se o fizer ele votará em caso de empate e não queria influir nessa decisão, isto é que é fundamental. A pequena distância entre a razão ética do Ver. Clovis Ilgenfritz, que se declarava impedido de presidir a Sessão, até o Plenário, não mudará essa razão ética, que continuará a mesma. Então, dessa forma, o Ver. Clovis não pode alegar que não está impedido, saindo da Presidência, continua o mesmo impedimento.

Em segundo lugar, me parece fundamental examinarmos o problema sob um outro aspecto, inclusive, da questão da Presidência dos trabalhos. Na minha opinião, a Presidência dos trabalhos deveria ser exercida pelo Ver. Juarez Pinheiro, 2º Secretário desta Casa, na hierarquia da Mesa, porque, ou por problema de ausência ou por impedimento que as pessoas se declaram, o que está sendo discutido aqui não é nenhuma Questão de Ordem, mas a votação de um Parecer, a possibilidade ou não de ter ou não quórum para uma votação, se foi válida ou não.

Eu não vejo nenhum impedimento para que o Ver. Juarez Pinheiro presida a Sessão, só se ele se declarar impedido por um outro motivo que não saibamos, mas eu penso que o que está sendo debatido aqui não é a Questão de Ordem, mas se havia ou não quórum para definir. Está claro e tem parecer dizendo que a decisão da Mesa foi perfeita. Estas são as três questões que eu queria colocar, encaminhando esta votação. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. Clovis Ilgenfritz está com a palavra para encaminhar.

 

O SR. CLOVIS ILGENFRITZ: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, há um equívoco de encaminhamento no discurso do Ver. Sebenelo, que coloca na minha boca coisas que eu não disse.

 

O SR. REGINALDO PUJOL (Questão de Ordem): Sr. Presidente, o PT já encaminhou essa matéria.

 

O SR. CLOVIS ILGENFRITZ: Peço, Sr. Presidente, que V. Ex.ª me assegure a palavra e não corte o som.

 

O SR. PRESIDENTE: Estou devolvendo o seu tempo na íntegra, Vereador.

 

O SR. CLOVIS ILGENFRITZ: Obrigado, Presidente. Eu vou ser breve e não quero que se estressem. Vamos baixar um pouco a adrenalina e fazer um raciocínio meridiano. Este Vereador se declarou impossibilitado de presidir a Sessão no momento em que votavam uma Questão de Ordem contra ele. Este Vereador presidia a Sessão no momento em que surgiu a Questão de Ordem. Eu me declarei sem condições de ficar presidindo a Sessão; eu nunca disse que eu não poderia votar; votar é outra coisa.

Por outro lado, o Ver. Sebenelo afirmou, com a tranqüilidade de quem parecia estar dizendo a verdade, “que eu disse que não ia presidir os trabalhos porque queria votar”. Não! Eu disse que eu não queria presidir. E acho que tenho esse direito, até por princípio ético, porque houve uma questão que envolveu o Ver. Luiz Braz, o Ver. Clovis Ilgenfritz e o Ver. Juarez Pinheiro, em função de uma questão levantada pelo Ver. Isaac Ainhorn. Nós estamos querendo dirimir essas dúvidas. Não se passe para o Plenário e para a população que este Vereador está tomando uma determinada atitude para poder votar. O voto é sagrado; eu tenho o direito de votar; se não votar, essa votação poderá ser nula, porque o que eu não posso é presidir os trabalhos.

Eu vou perguntar aos Srs. Vereadores: se o projeto é meu, eu sou Presidente naquele momento, como já aconteceu com outras pessoas que estavam presidindo, eu me retiro da Mesa, porque eu não me sinto à vontade, e preciso votar o meu projeto, discuti-lo, e não ficar na Mesa, o que pode ser um ato considerado de auto-proteção.

Então, Ver. Sebenelo, baixe a sua adrenalina, busque a razão e vote favoravelmente à nossa posição. Saí da Mesa, porque não me senti à vontade de presidir uma Sessão, uma discussão, uma votação em que eu era a pessoa envolvida.

Ver. Reginaldo Pujol, preclaro homem do direito, faça-se a justiça, deixe ao Ver. Clovis os seus direitos, ou então estará sendo uma coisa inédita nesta Casa, estão tirando o direito de um Vereador de votar, porque ele se considera impedido de presidir. E não tem que fazer análise comparativa com a questão acontecida com o Ver. Luiz Braz, pois ele, realmente, está no seu direito de não presidir, e eticamente tomou a atitude certa de não presidir.

Agora, no Regimento da Câmara, por favor, Vereadores, não quero criar mais problemas, só quero dizer que o Regimento diz uma coisa tranqüila: que o Presidente não vota em qualquer circunstância, estando na Mesa ou em Plenário, isso já foi uma questão dirimida pela Comissão de Justiça.

Agora, qualquer outro Vereador que esteja presidindo, não vota, enquanto presidindo, mas vota enquanto Vereador que volta para o Plenário.

Então, não cabe o cerceamento do voto que está acontecendo, aqui, pela ala neoliberal que tem a sua visão de mundo diferenciada da nossa. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Com a palavra o Ver. Reginaldo Pujol que encaminha pelo PFL.

 

O SR. REGINALDO PUJOL: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, nunca pensei, cogitei, imaginei que o neoliberalismo fosse capaz de produzir tantos efeitos.

Estamos, aqui, Sr. Presidente, discutindo como é que vamos legalizar uma votação que não tinha o número legal para ser realizada. Para isto, para dar guarida a este absurdo total, estamos fazendo uma série de artimanhas que ficamos realmente pasmos diante de tudo isso. Queixa-se que o Ver. Luiz Braz, autor do ato inquinado, o ato que anulou essa decisão irregular e que é confirmado pela Procuradoria e pelo nosso Parecer, de que esse não queria conduzir os trabalhos. Por isso o Vice-Presidente, a quem cabe regimentalmente substituí-lo, e estando no Plenário, assim tem que fazê-lo, não o faz, alegando razões éticas que o impedem de presidir os trabalhos.

Ora, Sr. Presidente, quem pode o mais pode o menos. Se o Vereador se julga impedido, eticamente, de presidir, com muito mais razão está impedido de votar, salvo raciocínio em contrário, o Ver. Luiz Braz vai votar essa matéria também. Não há mais a figura do impedimento expressamente declarado. Há que haver uma motivação muito forte, não basta que as pessoas digam, simplesmente, que não querem presidir a Sessão. Faz parte da responsabilidade das pessoas cumprirem com as suas funções, e cabe ao Presidente ser substituído pelo Vice-Presidente. Se o Vice-Presidente estiver presente e diz que, eticamente, não pode presidir os trabalhos, porque se julga parte, com muito menos razão pode votar a matéria. Isso é pueril; isso é lógico e conseqüente.

Todos, aqui, não querem presidir os trabalhos, por quê? Qual a razão que leva a esse fato? É o desejo de se perpetuar esse ato ilegal, acoimado de não-ético por várias pessoas pelo fato de o Ver. Isaac Ainhorn, na ocasião, usando um direito legítimo, pediu verificação de votação, e não compareceu nessa verificação? O livro não registra a sua presença, não registra o seu voto e foi feito um absurdo, declarou-se um voto ficto do Ver. Isaac Ainhorn; votaram pelo Vereador, pois o Vereador teria de votar e declararam-no como se estivesse presente. Daqui a alguns dias vou sair do Município de Porto Alegre e vou declarar-me presente aqui, pois do jeito que vai, vamos chegar a essa situação.

Eu não fazia nem questão de que o nosso Relatório fosse votado hoje, porque eu pensava que era uma matéria simples, que estávamos contribuindo para que a Casa corrigisse um erro muito grave que ela produziu. Entretanto, Sr. Presidente, o ritmo em que se seguiram os trabalhos, a confusão que está armada demonstra o seguinte: se querem, evidentemente, consagrar que nesta Casa maioria absoluta é dezesseis e não dezessete, que o façam, mas que o façam sob sua responsabilidade. Vamos pedir a votação nominal para que fique claro quem é que entende que dezesseis é dezessete. Quem é que entende que dezessete menos um dá um quórum que o Regimento diz que é de dezessete. O resto é conversa, o resto é uma tentativa, até irresponsável de convalidar um ato que foi manifestamente ilegal e que o Presidente fez muito bem em anulá-lo, até para a respeitabilidade desta Casa. Ou então, seremos o primeiro legislativo a entrar na história deste País a dizer que aqui o quórum é diferente, é o quórum dos interesses e das conveniências. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Srs. Vereadores, antes de colocarmos em votação o Parecer, por força do Regimento temos que colocar em votação a prorrogação da Sessão por mais duas horas.

Em votação  a prorrogação da Sessão. (Pausa.)  O Ver. João Dib está com a palavra para encaminhar.

 

O SR. JOÃO DIB: Vou encaminhar daqui mesmo, porque a minha posição é muito rápida, leva mais tempo de ir até lá e voltar do que dizer o que desejo. É um absurdo prorrogar por mais duas horas a Sessão, quando nós passamos discutindo o sexo dos anjos. Naquele dia, havia dezesseis Vereadores no Plenário, e não precisaria perder mais tempo, mas tudo bem, eu voto contra.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Em votação nominal, por solicitação do Ver. Paulo Brum, o Requerimento de prorrogação da Sessão por mais duas horas, para podermos votar a Ordem do Dia.

 

O SR. LUIZ BRAZ: Sr. Presidente, eu solicito uma Questão de Ordem.

 

O SR. PAULO BRUM: Vereador, não pode.

 

O SR. LUIZ BRAZ: Mas é relativa à votação.

 

O SR. PRESIDENTE: Vereador, como este Presidente não tem prática, vai socorrer-se da Diretoria Legislativa. (Pausa.) Vereador Luiz Braz, no nosso Regimento consta que se a sua Questão de Ordem for de caráter excepcional, nós poderemos concedê-la. Vossa Excelência está com a palavra.

 

O SR. LUIZ BRAZ (Questão de Ordem): Sr. Presidente, como esta votação é de maioria simples, e como V. Ex.ª é o 2º Secretário da Casa, neste exato instante, quem tem que presidir a Sessão, não é mais V. Ex.ª. Quem preside a Sessão agora, já que existem interesses em jogo, porque é maioria simples, deverá ser o 1º Vice-Presidente, se estiver presente na Casa, ou o 2º Vice-Presidente, ou seja, aquele Vereador que estiver em condições de assumir a Presidência.

 

O SR. JUAREZ PINHEIRO (Questão de Ordem): Sr. Presidente, nós estamos agora apreciando a prorrogação da Sessão e, neste momento, o Ver. Luiz Braz, Presidente da Casa, não tem nenhum impedimento para que assuma a Presidência. Essa é a interpretação correta do Regimento.

 

O SR. PRESIDENTE: Neste momento, passo a presidência dos trabalhos ao nosso Presidente Ver. Luiz Braz.

 

O SR. PRESIDENTE (Luiz Braz): Este Presidente não assumiria mais os trabalhos na tarde de hoje, mas, dada a Questão de Ordem do Ver. Juarez Pinheiro, volta a assumir a presidência dos trabalhos.

 

O SR. REGINALDO PUJOL (Esclarecimento): Sr. Presidente, não aprovada a prorrogação da Sessão por duas horas, a matéria que está em votação é complementada para, depois, levantarem-se os trabalhos. Correto?

 

O SR. PRESIDENTE: A matéria que está em votação voltará à pauta na próxima Sessão.

 

O SR. REGINALDO PUJOL: A matéria está em processo de votação.

 

O SR. PRESIDENTE: É nulo o processo de votação, porque se, por acaso, não pudermos prosseguir com o processo de votação e se, porventura, por falta de quórum não pudermos prosseguir, será considerada nula esta votação, inclusive com os encaminhamentos que poderão ser feitos novamente.

Em votação a prorrogação desta Sessão por duas horas. (Pausa.) (Após a chamada.) REJEITADA a prorrogação da Sessão por 14 votos SIM e 15 votos NÃO.

 

O SR. PRESIDENTE: Uma informação ao Plenário: amanhã, terça-feira, vai haver uma Sessão Extraordinária. A segunda informação, Ver. Reginaldo Pujol, - até pela Questão de Ordem feita por V. Ex.ª -, é a interpretação da nossa Diretora Legislativa: os encaminhamentos que foram feitos não são considerados nulos. Todos eles têm validade e nós vamos recomeçar, na próxima Sessão, exatamente no ponto em que paramos com relação a esta matéria.

Os Srs. Vereadores estão convocados para amanhã, às 14h30min, em Sessão Extraordinária. Estão encerrados os trabalhos.

 

(Encerra-se a Sessão às 18h22min.)

 

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